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Quem disse - PS · saœde, que só estarÆ pronto no próximo mŒs, no qual o problema Ø abordado...

Date post: 22-Nov-2020
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Internet: http//www.partido-socialista.pt/partido/imprensa/as/ E-mail: [email protected] Director Fernando de Sousa N”1091 11 JANEIRO 2001 SEMANAL 100$ - 0,5 Quem disse ? Jorge Coelho homenageia Forças Armadas e de segurança Durªo Barroso irresponsÆvel sobre Kosovo O Secretariado Nacional do Partido Socialista esteve reunido no passada terça-feira, tendo saído uma posiçªo unânime a favor das decisıes do Governo sobre a polØmica em torno da alegada contaminaçªo de soldados portugueses com urânio empobrecido em consequŒncia dos bombardeamentos da NATO no Kosovo. De acordo com o secretÆrio- coordenador do partido, camarada Jorge Coelho, o líder socialista, António Guterres, deu uma explicaçªo detalhada sobre todos os aspectos que tŒm conexªo com o caso do urânio empobrecido e seu relacionamento cos as Forças Armadas e com as forças de segurança que estiveram e estªo nos Balcªs. «A ideia central do Governo Ø garantir sempre tudo o que tem a ver com a vida e com a saœde dos portugueses que participaram nas missıes de paz», evidenciou Jorge Coelho. Depois, destacou a importância que a comunidade internacional estÆ a dar ao facto de Portugal ser o país pioneiro a fazer mediçıes de radioactividade e a proceder a rastreios a todos os militares a agentes de forças de segurança que passaram pela Bósnia e pelo Kosovo. «É preciso saber toda a verdade», justificou o secretÆrio- coordenador do Partido Socialista, que se congratulou com a decisªo do Conselho de Segurança e de Defesa Nacional, assumida na segunda-feira e aprovada por unanimidade, de permitir que Portugal continue a assumir os seus compromissos internacionais nos Balcªs. No entanto, Jorge Coelho lamentou «as posiçıes irresponsÆveis toma- das por Durªo Barroso», que defen- deu a ideia de Portugal nªo enviar mais soldados para os Balcªs. «Presto homenagem à serenidade das Forças Armadas e das forças de segurança, que estªo da dar uma liçªo a políticos que deveriam ter mais e maior sentido de Estado», declarou Jorge Coelho. «Agora jÆ sou outra vez um espectro, como hÆ dez anos, quando fiz uma coligaçªo em Lisboa. Sou a cabeça de um entendimento perigosíssimo (...) Isso jÆ acabou, meus amigos. NinguØm tem medo de coisa alguma. Eu sou só eu, sou o Jorge Sampaio» Jorge Sampaio Setœbal, 8 de Janeiro Jorge Sampaio nªo poupou Cavaco Silva e outros dirigentes da direita portuguesa que estªo a procurar desvalorizar as eleiçıes para a PresidŒncia da Repœblica no próximo domingo, tentando fomentar a abstençªo dos portugueses. O candidato presidencial do Partido Socialista nªo hesitou em apontar que, no domingo, Cavaco Silva e Freitas do Amaral terªo falta de comparŒncia, mas sublinhou a estima pessoal que tem pelos seus adversÆrios. Continuando a fazer uma campanha com base em valores, Jorge Sampaio definiu a liberdade e a equidade como os grandes desafios do sØculo XXI para a sociedade portuguesa. Esta semana, numa sessªo em que esteve presente o secretÆrio-geral do PS, António Guterres, Sampaio apresentou a sua Comissªo de Honra, que conta com cerca de 1600 personalidades nacionais das mais variadas Æreas profissionais.
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Internet: http//www.partido-socialista.pt/partido/imprensa/as/ E-mail: [email protected] Fernando de Sousa

Nº1091 � 11 JANEIRO 2001 � SEMANAL � 100$ - 0,5

Quem disse ?

Jorge CoelhohomenageiaForças Armadase de segurança

Durão Barrosoirresponsávelsobre KosovoO Secretariado Nacional do PartidoSocialista esteve reunido nopassada terça-feira, tendo saídouma posição unânime a favor dasdecisões do Governo sobre apolémica em torno da alegadacontaminação de soldadosportugueses com urânioempobrecido em consequênciados bombardeamentos da NATOno Kosovo.De acordo com o secretário-coordenador do partido, camaradaJorge Coelho, o líder socialista,António Guterres, deu umaexplicação detalhada sobre todosos aspectos que têm conexão como caso do urânio empobrecido eseu relacionamento cos as ForçasArmadas e com as forças desegurança que estiveram e estãonos Balcãs. «A ideia central doGoverno é garantir sempre tudo oque tem a ver com a vida e com asaúde dos portugueses queparticiparam nas missões de paz»,evidenciou Jorge Coelho. Depois,destacou a importância que acomunidade internacional está adar ao facto de Portugal ser o paíspioneiro a fazer medições deradioactividade e a proceder arastreios a todos os militares aagentes de forças de segurançaque passaram pela Bósnia e peloKosovo. «É preciso saber toda averdade», justificou o secretário-coordenador do Partido Socialista,que se congratulou com a decisãodo Conselho de Segurança e deDefesa Nacional, assumida nasegunda-feira e aprovada porunanimidade, de permitir quePortugal continue a assumir os seuscompromissos internacionais nosBalcãs.No entanto, Jorge Coelho lamentou«as posições irresponsáveis toma-das por Durão Barroso», que defen-deu a ideia de Portugal não enviarmais soldados para os Balcãs.«Presto homenagem à serenidadedas Forças Armadas e das forçasde segurança, que estão da daruma lição a políticos que deveriamter mais e maior sentido de Estado»,declarou Jorge Coelho.

«Agora já sou outra vez umespectro, como há dezanos, quando fiz umacoligação em Lisboa. Sou acabeça de umentendimento perigosíssimo(...) Isso já acabou, meusamigos. Ninguém temmedo de coisa alguma. Eusou só eu, sou o JorgeSampaio»Jorge SampaioSetúbal, 8 de Janeiro

Jorge Sampaio não poupou CavacoSilva e outros dirigentesda direita portuguesa que estão aprocurar desvalorizar as eleiçõespara a Presidência da Repúblicano próximo domingo, tentandofomentar a abstenção dosportugueses. O candidatopresidencial do Partido Socialistanão hesitou em apontar que, nodomingo, Cavaco Silva e Freitasdo Amaral terão falta decomparência, mas sublinhou aestima pessoal que tem pelos seusadversários. Continuando a fazeruma campanha com base emvalores, Jorge Sampaio definiu aliberdade e a equidade como osgrandes desafios do século XXI paraa sociedade portuguesa.Esta semana, numa sessão em queesteve presente o secretário-geraldo PS, António Guterres, Sampaioapresentou a sua Comissão deHonra, que conta com cerca de1600 personalidades nacionais dasmais variadas áreas profissionais.

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ACÇÃO SOCIALISTA 2 11 JANEIRO 2001

A SEMANA

SEMANA

MEMÓRIAS ACÇÃO SOCIALISTA EM 1983

EDITORIAL A Direcção

KosovoSegundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), «parece não existir» uma relaçãoentre a leucemia e o urânio empobrecido. Para Mike Repacholi, coordenador desaúde ambiental da OMS de um ponto de vista científico, «não parece que a leucemiapossa ser causada pela exposição ao urânio empobrecido» empregue pela NATOnos Balcãs.No entanto, esta organização mundial garante não ter informações suficientes paraavançar com conclusões sobre os soldados enviados para os Balcãs, razão pelaqual está actualmente a fazer um estudo sobre os efeitos do urânio empobrecido nasaúde, que só estará pronto no próximo mês, no qual o problema é abordado de umponto de vista meramente científico e não centrado no seu uso militar.O fundamental é que se apure toda a verdade sobre a polémica da eventualcontaminação de militares portugueses (e não só) com urânio empobrecido nasequência dos bombardeamentos da NATO no Kosovo e nos Balcãs, porque o piorque se pode fazer é tratar com leviandade temas tão específicos quanto este.«Especula-se muito, e enquanto não surgir um relatório dos especialistas, tudo nãopassa de especulação» por isso é de uma enorme irresponsabilidade «jogar com ossentimentos, as preocupações e o sofrimento das pessoas fazendo demagogiapolítica».O Conselho Superior de Defesa Nacional (CSDN) ao aprovar por unanimidade, estasegunda-feira, um parecer favorável ao prosseguimento das missões de paz nosBalcãs está a agir com um elevado sentido de Estado e de responsabilidade,considerou o primeiro-ministro, António Guterres, aproveitando para criticar a«precipitada» sugestão de Durão Barroso de parar com o envio de tropas para aregião lembrando e bem que «missões de paz não se abandonam».António Guterres fez questão de frisar que o Governo está extremamente empenhadoem apurar toda a verdade sobre esta polémica, até porque segundo informaçãorelevante recebida da NATO, o risco era «globalmente negligenciável». Confiando nosentido de responsabilidade das Forças Armadas relativamente a esta matéria, ochefe do Governo considera que elas «saberão assumir sempre as suas missõescom a consciência com que até agora sempre se defenderam, de uma formaimpecável, o prestígio de Portugal e os direitos dos povos amigos».

ENCONTRO NACIONALDE AUTARCAS SOCIALISTAS

O «Acção Socialista» de 13 de Janeiro de1983 inseria um suplemento destacávelsobre um encontro nacional de autarcassocialistas, que contou com aparticipação de mil camaradas.O líder do PS, Mário Soares, na aberturados trabalhos, reafirmou que «não háverdadeira democracia sem poder localdemocrático».Na intervenção em que definiu as grandeslinhas da estratégia autárquica do PS, ocamarada Mário Soares sublinhou que «oPS está desejoso de poder implementar,a sério, em Portugal, uma verdadeiradescentralização».Destaque ainda nesta edição para apublicação do texto integral docomunicado da Comissão Nacional doPS, no qual era exigida a dissolução daAssembleia da República e a realizaçãode eleições antecipadas, comoimperativo democrático face à completa«dilaceração» e «esgotamento» da AD.

J. C. CASTELO BRANCO

13 de Janeiro

Quem disse?

«Homenagear o 25 de Abril é imperativodemocrático e ético»Salgado Zenha

AçoresAté 2004: Governo Regional investe 210 milhões

O subsecretário regional adjunto daPresidência, Francisco Coelho, anunciou,no dia 9, em Ponta Delgada, que aAdministração Regional vai investir nospróximos quatro anos nos Açores cerca210 milhões de contos (1.050 milhões deeuros).Segundo Francisco Coelho, essemontante consta do projecto de Plano deMédio Prazo (PMP) da região para 2001/2004, debatido no conselho do GovernoRegional realizado em Ponta Delgada.Segundo referiu, o primeiro plano anualincluído no PMP, respeitante ao ano emcurso, prevê investimentos nas ilhas decerca de 52 milhões contos (260 milhõesde euros).O Executivo regional aprovou, por outrolado, uma resolução que cr ia umacomissão para o estudo da problemáticada revisão da Lei das Finanças dasRegiões Autónomas.O gabinete do camarada Carlos Césardecidiu também atr ibuir umfinanciamento adicional de 160 mil contos(800 mil euros) para a conclusão das

obras de construção de um CentroOcupacional e Lar de Apoio daAssociação de Pais e Amigos dasCrianças Deficientes do Arquipélago dosAçores.

Desemprego em DezembroNúmero de inscritos no IEFP caiu 4,5 por cento

O número de desempregados inscritos noscentros de emprego do Instituto deEmprego e Formação Profissional (IEFP)caiu 4,5 por cento, para 327.434 pessoas,em Dezembro, segundo informações doMinistério do Trabalho.Este é o 48º mês consecutivo em que seregista uma diminuição do número deinscritos nos centros de emprego do IEFP.Face a Novembro, o número de inscritosnos centros de emprego caiu 0,7 por cento.O mês de Dezembro foi caracterizado por

uma redução de cerca de 30 por cento naprocura, provocada pela criação desoluções específicas, em Novembro, paraos professores inscritos nos centros deemprego, segundo a mesma fonte.A redução do número de inscritos deve-se, essencialmente, à baixa de 11 por centono número de jovens desempregados e àquebra de 6,7 por cento no número dedesempregados de longa duração.O número de inscritos caiu em todas asregiões do País.

CooperaçãoMais professores portugueses para a Guiné-Bissau

O Governo do PS prossegue a sua políticade cooperação junto dos países africanosde língua portuguesa.Assim, neste âmbito, 11 portugueses vãopartir brevemente para a Guiné-Bissau.Os docentes assinaram, no passado dia8, os contratos, no decurso de uma

cerimónia realizada no Ministério daEducação, que foi presidida por AugustoSantos Silva.Segundo o ministro da Educação, oaprofundamento do processo dealfabetização é um vínculo absolutamenteindispensável entre Portugal e África.

Internet vai controlar receitas médicas

Manuela Arcanjo continua a tomar medidasde forma a racionalizar o Serviço Nacionalde Saúde.Assim, o Ministério da Saúde, através doInfarmed, vai usar a Internet para controlaras receitas médicas.Segundo o presidente daquele instituto,será introduzida «a prescrição �on-line�, um

sistema de suporte electrónico queproporcionará a monitorização de toda aprescrição do País e ao dia».Este sistema permitirá avaliar de formasistemática o que se está a passar.Recorde-se que os gastos commedicamentos preocupantes atingem níveispreocupantes, havendo muito desperdício.

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11 JANEIRO 2001 ACÇÃO SOCIALISTA3

POLÍTICA

GOVERNO QUER APURARTODA A VERDADE

KOSOVO E BÓSNIA Polémica do urânio empobrecido

O primeiro-ministro fez questão defrisar que o Governo estáempenhado em apurar todaa verdade sobre a polémica daeventual contaminação de soldadosportugueses com urânioempobrecido na sequência dosbombardeamentos da NATO noKosovo e nos Balcãs. No entanto,o chefe do Governo tambémlamentou a demagogia dopresidente do PSD, alegando quePortugal tem compromissosinternacional nas missões de paznos Balcãs. António Guterres pediusentido de responsabilidade eprometeu que o Governo dará todoo acompanhamento aos soldadosque estiveram nesta região. Fezainda questão de salientar que temexistido total articulação entre oprimeiro-ministro e o Presidente daRepública nesta questão.

Conselho Superior de DefesaNacional (CSDN) deu segunda-feira um parecer favorável aoprosseguimento das missões

de paz nos Balcãs. A decisão foi tomadapor unanimidade e ficou agendada umareunião para dentro de 10 dias, porproposta do chefe de Estado, JorgeSampaio. O contigente de militares queparte este mês para a Bósnia irá ser dotadocom «equipamentos de detecção eprotecção nuclear, biológica e química emnúmero suficiente para o desempenho demissões que hipoteticamente se revistamde qualquer risco» daquela natureza.No final da reunião, o primeiros-ministroprestou declarações, frisando ser«inteiramente falso» que o Governo ocultouinformação relevante recebida da NATOpara a protecção da segurança dosmilitares portugueses. Segundo asinformações da NATO, o risco era«globalmente negligenciável», enfatizouAntónio Guterres, ladeado pelos ministrosda Defesa e da Administração Interna. Oprimeiro-ministro adiantou que oParlamento está informado sobre aquelesdados fornecidos pela NATO.No sábado, o primeiro-ministro solidarizou-se com as famílias dos que serviram ouque vão servir nos Balcãs e reafirmou o seuempenhamento pessoal no apuramento detoda a verdade, mas considerou«precipitada» a sugestão de Durão Barrosode parar com o envio de elementos para aregião. Na sua opinião, «qualquer posiçãoprecipitada desse tipo, neste momento»,não se justifica e podia ser contrária aosinteresses de Portugal, pelo que «é precisoter um grande sentido de Estado e deresponsabilidade».«Aquilo que eu disse sexta-feira, emSetúbal, e que quero repetir, até porque

essa frase foi distorcida, foi que chegou omomento de não confiarmos apenas nosrelatórios da NATO, chegou o momento denós próprios fazermos as nossasverificações», afirmou o secretário-geral doPS, antes de deixar a seguinte mensagem:«Vamos trabalhar, na NATO e dentro dopaís, e vamos pedir às pessoas tambémum sentido de responsabilidade, aserenidade possível», disse ainda, aomesmo tempo que reiterava oempenhamento do Governo «noapuramento da verdade. Continuamos onosso programa de acção», afirmou oprimeiro-ministro, que respondia aperguntas dos repórteres pouco depois dereceber na Residência de São Bentogrupos de Cantares das Janeiras oriundosde várias regiões.Manifestando-se convicto do empe-nhamento e sentido de responsabilidadedas Forças Armadas relativamente a estamatéria, o chefe do Governo considerouque elas «saberão assumir sempre as suasmissões com a consciência com que atéagora sempre defenderam, de uma formaimpecável, o prestígio de Portugal e osdireitos de povos amigos, como é o casoespecial de Timor-Leste».

Essencialconhecer a verdade

Interrogado sobre se tinha conhecimentodo relatório do Comandante da Polícia deSegurança Pública de Setembro último,avisando para os perigos de contaminaçãopor radioactividade, disse que a primeiravez que tinha ouvido falar nisso foi nessemesmo dia de sábado, através da leitura

de um jornal. «Pelas informações que tenhodo ministro da Administração Interna, NunoSeveriano Teixeira, a notícia é imprecisa enão corresponde ao efectivo conteúdo dorelatório�. Quanto à posição a adoptar porPortugal na reunião da NATO, AntónioGuterres sustentou que «a questãoessencial é conhecer toda a verdade sobreos bombardeamentos que foram feitos,onde foram feitos e em que circunstâncias,na medida em que uma coisa são osrelatórios que tínhamos e outra anecessidade de agora os comprovar comtoda a certeza». E isto porque, acrescentouo chefe do Governo, «quando estão emcausa vidas humanas e a possibilidade,não a certeza», de ligação entre osproblemas humanos já dados a conhecerpela comunicação social e aquilo queaconteceu no Kosovo, «há que ter acoragem de analisar tudo, de verificar tudoe de, a partir daí, se poderem tomardecisões que a comunidade internacionaldeve tomar. Estou certo que os outrospaíses acompanharão Portugal no sentidode que todos esses esclarecimentos sejamobtidos», disse ainda António Guterres.De acordo com o primeiro-ministro, «devehaver um grande sentido de respon-sabilidade, um grande comedimentonestas situações», até porque «nassituações difíceis é que é necessário tersentido de Estado», observou. Questio-nado sobre qual a mensagem que tinhapara as famílias dos soldados que vãoagora para o Kosovo, António Guterrescomentou que a sua mensagem se dirigeàs famílias dos militares e elementos deforças de segurança que estiveram, estãoou venham a estar na região, pois «todos

estão nas mesmas circunstâncias. É umamensagem de solidariedade de empe-nhamento total no sentido de garantir quetoda a verdade será apurada e que todasas pessoas serão devidamente acompa-nhadas», nomeadamente através deexames médicos com a tecnologia maismoderna, acrescentou. «Independente-mente de haver ou não a ligação entre asdoenças que agora possam surgir e amissão que ocorria no Kosovo, o EstadoPortuguês irá acompanhar com todo oempenhamento e apoiará aos máximotodos os que neste momento possam terdoenças que os preocupem», acentuou ochefe do Governo.

Estado assumiráresponsabilidades

No domingo, em nova intervenção sobreeste tema, o primeiro-ministro garantiu queo Estado e as Forças Armadas assumirãoas suas responsabilidades se fordemonstrado que os militares adquiriramdoenças durante as suas missões nosBalcãs. «Espero que não existe esse nexo,mas o que nós queremos é conhecer averdade», explicou António Guterres àsaída da apresentação da candidatura deJorge Sampaio à Presidência da República.Interrogado sobre as posições que temvindo a assumir sobre esta matéria o líderdo PSD, António Guterres considerou que«não se pode jogar com os sentimentos,as preocupações e o sofrimento daspessoas e fazer demagogia política».Quando Durão Barroso defende que nãodevem ser enviados mais soldados para oKosovo, o primeiro-ministro defendeu umaposição de clareza. «Se não se podemandar mais, como é que se pode permitirque lá estejam os que lá estão? Há queser coerente e responsável nestas coisas»,frisou o secretário-geral do PartidoSocialista. António Guterres considerou serpreciso ter o sentido das respon-sabilidades, chamando a atenção para aimportância de Portugal conservar a suacredibilidade internacional a nível dasoperações de paz e salientando aocarácter fundamental destas, nomea-damente para a causa de Timor-Leste.«Seria para nós trágico se amanhã acomunidade internacional abandonasseTimor-Leste», acentuou, lembrando que«missões de paz não se abandonam» semmais. «Mesmo quando há um sinal dealarme, estuda-se e analisa-se emprofundidade, com todo o detalhe, enaturalmente isso poderá levar-nos a tomardecisões que entendermos necessárias»,afirmou António Guterres.O primeiro-ministro fez ainda questão defrisar que «tem havido uma permanentetroca de pontos de vista, cada um dentrodas suas responsabilidades, mas numasintonia muito grande».

O

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ACÇÃO SOCIALISTA 4 11 JANEIRO 2001

POLÍTICA

JORGE FERNANDO BRANCO SAMPAIO

PRESIDENCIAIS Biografia

Nasceu em Lisboa, a 18 deSetembro de 1939.É casado com Maria José Rittae pai de dois filhos, Vera e André.

Licenciou-se na Faculdade de Direito daUniversidade Clássica de Lisboa, tendofeito os seus estudos secundários nosliceus Pedro Nunes e Passos Manuel.Durante a sua vida de estudante de Direito,desenvolveu intensa actividade académica,tendo sido sucessivamente eleitopresidente da Associação Académica damesma Faculdade (1960-1961) epresidente da RIA � Reunião Inter-Associações Académicas (1961-1962). Osestudantes universitários desenvolvementão uma luta vigorosa contra a ditadurado Estado Novo. É nessa crise que osportugueses ficam a conhecer Sampaio:um líder corajoso e sem protagonismoinúteis, decidido e sempre pronto a ouvir,dinamizador de energias e congregador devontades.Não deixando nunca de intervirpoliticamente contra a ditadura, exerceuadvocacia durante vários anos, assumindoparticular relevo as suas intervenções noTribunal Plenário, na defesa de presospolíticos.Em 1969, candidata-se pela CDE �Comissão Democrática Eleitoral � àseleições para a Assembleia Nacional. Em1973 decide não se candidatar, porconsiderar que não existiam condiçõespara intervir na disputa eleitoral.O 25 de Abril de 1974 encontra-oempenhado na constituição do MES �Movimento de Esquerda Socialista �,projecto que virá a abandonar nocongresso fundador (Dezembro de 1974).Durante o período que se segue àRevolução de Abril assume um papelimportante no diálogo com a ala moderadado movimento dos Capitães e, em 1975, éum apoiante activo do «Grupo dos Nove».Em 1975 é nomeado secretário de Estadoda Cooperação Externa. Ainda em 1975, éco-fundador do grupo de reflexão políticaIntervenção Socialista. Em 1978 adere aoPartido Socialista, por cujas listas foi eleitodeputado à Assembleia da República pelocírculo de Lisboa, tendo sidoposteriormente reeleito em 1980, 1985,1987 e 1991.Em 1986 e 1987 foi responsável pelasrelações internacionais do PartidoSocialista. Em 1987-88 foi eleito presidentedo Grupo Parlamentar do Partido naAssembleia da República.E, 1989 é eleito secretário-geral do PartidoSocialistaAssumiu, nessa qualidade, as funções deco-presidente do «Comité África» daInternacional Socialista. Em Março destemesmo ano, foi eleito, pela Assembleia daRepública, para o Conselho de Estado.Ainda em 1989, lidera a coligação deesquerda «Por Lisboa» e é eleito presidenteda Câmara Municipal Lisboa.Reconhecido o seu empenhamento desempre na defesa dos direitos

Conselho Geral da ANPM � AssociaçãoNacional dos Municípios Portugueses � e,de 1992 a 1994, exerceu as funções device-presidente da Junta Metropolitana deLisboa.Ao longo destes anos, desenvolveutambém uma intensa actividadeinternacional. De 1990 a 1995 ocupou apresidência da UCCLA � União daCidades Capitais Ibero-Americanas. Em1992 foi eleito presidente do Movimentodas Eurocidades e presidente da FMCU� Federação Mundial das Cidades Unidas, cargos que exerceu até 1994 e 1995,respectivamente. De 1994 a 1995 foimembro do Comité das Regiões da UniãoEuropeia, fazendo parte da respectivamesa de direcção.Em 1995 apresenta a sua candidatura àseleições presidenciais, recebendo, mesesmais tarde, o apoio de inúmeraspersonalidades independentes e doPartido Socialista. Após umadisputadíssima campanha eleitoral, a 14de Janeiro de 1996, vence as eleições,logo na primeira volta, com 54 por centodos votos.A 9 de Março de 1995 toma posse comoPresidente da RepúblicaO primeiro mandato de Jorge Sampaiodecorreu em tranquilidade democrática.O Presidente assegurou o regularfuncionamento das instituições. Exerceucom rigor os seus poderesconstitucionais, de acordo com ascircunstâncias e sempre no respeito davontade dos portugueses. Colocou-seacima dos partidos, respeitando-os eouvindo-os a todos. Defendeu asliberdades e os direitos do Homem. Nãointerferiu nas competências próprias dosoutros órgãos de soberania. Vetounumerosos diplomas do Governo. Quisrespeitar o voto dos portugueses, fosseele qual fosse. Quis garantir a estabilidadeinstitucional e política.Para isso, o Presidente soube sempreouvir os portugueses e as portuguesas detodos os estratos sociais, idades eregiões. Nunca esqueceu ascomunidades de portugueses emigrantesnos cinco continentes.Os primeiros referendos nacionais, sobreo aborto e a regionalização, aprofundarama democracia. A serenidade e firmeza doPresidente asseguraram que eles nãodegeneravam em combate fratricida e,depois da votação, garantiram o respeitoda decisão dos eleitores.No âmbito da sua acção internacional, oPresidente Sampaio complementou anossa crescente afirmação europeia comacções reforçando a nossa identidadenacional e a nossa presença no mundo.Teve um papel decisivo na luta pelaindependência de Timor Lorosae. Garantiua dignidade do termo da presençaportuguesa em Macau. Incrementou asrelações privilegiadas com o Brasil.Valorizou a Comunidade dos Países deLíngua Portuguesa.

fundamentais, Jorge Sampaio Tornou-se,entre 1979 e 1984, o primeiro portuguêsmembro da Comissão Europeia dosDireitos do Homem do Conselho da

Europa.Em 1993, foi reeleito presidente da CâmaraMunicipal Lisboa.Entre 1990 e 1995, foi eleito para o

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11 JANEIRO 2001 ACÇÃO SOCIALISTA5

POLÍTICA

CAVACO VAI TER FALTADE COMPARÊNCIA

PRESIDENCIAIS Jorge Sampaio denuncia aqueles que desvalorizam as eleições

Jorge Sampaio não poupou CavacoSilva e outros dirigentes da direitaportuguesa que estão a procurardesvalorizar as eleições para aPresidência da República nopróximo domingo, tentandofomentar a abstenção dosportugueses. O candidatopresidencial do Partido Socialistanão hesitou em apontar que, nodomingo, Cavaco Silva e Freitas doAmaral terão falta de comparência,mas sublinhou a estima pessoalque tem pelos seus adversários.Continuando a fazer uma campanhacom base em valores, JorgeSampaio definiu a liberdade e aequidade como os grandesdesafios do século XXI para asociedade portuguesa. Estasemana, numa sessão em queesteve presente o secretário-geraldo PS, António Guterres, Sampaioapresentou a sua Comissão deHonra, que conta com cerca de1600 personalidades nacionais dasmais variadas áreas profissionais.

candidato do Partido Socialista,Jorge Sampaio, defendeu emAveiro que os ex-líderes do PSDe do CDS, respectivamente

Cavaco Silva e Freitas do Amaral, vão ter faltade comparência nas eleições para aPresidência da República, no próximodomingo. Falando num dos maiorescomícios da sua campanha, em Aveiro, JorgeSampaio quebrou o tabu e, pela primeira vez,nomeou aqueles que tem vindo a criticar por«desvalorizarem» a eleição do Presidente daRepública. «Cavaco Silva, Freitas do Amaral,Francisco Pinto Balsemão e Proença deCarvalho, falou-se neles, espreitaram,voltaram para trás, voltaram a espreitar,definiram plataformas, escreveram artigos edepois não apareceram», denunciou ocandidato apoiado pelo Partido Socialista.«Mas tenho a impressão de que vão aparecerem 2006, mas nessa altura já cá não estou»,acrescentou.O chefe de Estado lançou também umveemente apelo ao eleitorado português.«Qualquer que seja a vossa orientação,votem», disse insistentemente JorgeSampaio, durante a digressão pelos distritosde Aveiro e de Viseu. A jornada iniciou-seem Viseu, onde o candidato apoiado peloPS teve uma das maiores afluências acomícios da presente campanha eleitoral.O apelo à votação no próximo domingotransformou-se definitivamente na grandemensagem da campanha, associado afortes críticas aos sectores que, segundoJorge Sampaio, defendem a abstenção e adesvalorização das eleições para aPresidência da República. «Esta candidaturatem valores», defendeu o chefe de Estado,

referindo-se à equidade e à liberdade eacrescentando que «o Presidente da Repú-blica não pode distinguir entre os que votamnele e os que não votam». O assumir daabstenção como o inimigo principal tem sidoseguido da afirmação de que «qualquerresultado é legítimo». A vantagem que é atri-buída a Jorge Sampaio relativamente aosdemais candidatos permite até uma certacondescendência em relação aos adversá-rios pelos quais, de vez em quando, asse-gura ter «muita estima, mas não os ter esco-lhido. Quero que aos seus continuemos aser tolerantes e que continuemos a falar decoisas sérias e do futuro de Portugal», pediuaos seus apoiantes que o escutavam emÁgueda.No mesmo dias, mas em Viseu, JorgeSampaio considerou que o grande desafiopara o século XXI é «a igualdade para todosos portugueses». O candidato presidencialdo PS falava num comício com muita gente,cuja grande afluência serviu para desmentiraqueles que defendem a desvalorizaçãodas eleições para a Presidência daRepública. «Vocês derrotam todos os diasaqueles que os querem ver em casa. Estãoa dar uma lição de civismo àqueles que nãosabem que a democracia é trabalho, que ademocracia é esforço», disse o candidatoà reeleição para o cargo de chefe de Estado,numa sessão marcada pela primeiraintervenção de campanha do seumandatário nacional, João Lobo Antunes.

Adversáriosmerecem estima

No discurso do seu comício em Viseu,

Jorge Sampaio voltou a aludir àscandidaturas rivais, afirmando que lhemerecem estima, «mesmo que, às vezes,deslizem e não digam em relação aosseus colegas aquilo que deviam dizer».Jorge Sampaio não concretizou asacusações, mas um pouco mais tardepercebeu-se que visavam os defensoresda política de betão, numa referênciaimplícita a Ferreira do Amaral, ex-ministrodas Obras Públicas de Cavaco Silva. «AIrlanda esteve-se nas tintas para as auto-estradas», assinalou, lembrando quehouve uma primazia ao desenvolvimentoda inteligência e das capacidades doscidadãos daquele país.Já no passado sábado, em Lisboa,António Guterres entrou na campanhaeleitoral de Jorge Sampaio. AntónioGuterres foi um dos participantes naapresentação da Comissão de Honra dacandidatura para a reeleição do actualPresidente da República, da qual fazemparte cerca de 1600 participantes dasmais variadas áreas profissionais. «EstaComissão de Honra não é apenas umaconfirmação de apoio vasto e dinâmicoque tanto me penhora. Quero que tambémseja um testemunho reiterado do meucompromisso activo por uma sociedadeportuguesa mais dinâmica e o sinal domeu interesse constante pelo vossotrabalho e pelo contributo que dá àprojecção de Portugal», defendeu. Estaintervenção antecedeu um concertomusical, no qual participaram nomescomo Maria João Pires, Bernardo Sassetti,Rão Kyao, Maria João e Mário Laginha,entre outros.

Apesar do carácter selectivo da sessão,o actual chefe de Estado não deixou deenviar um recado aos seus adversários.«Estou persuadido que os profetas dadesgraça, aquelas candidaturas que têmapostado no desencanto, são elaspróprias candidaturas sem esperança eincapazes de mobilizar a esperança e aconfiança dos portugueses», sustentou.Antes, pela manhã, Jorge Sampaio haviapercorrido alguns concelhos da margemsul do Tejo, numa acção em queparticiparam os camaradas Jorge Coelho,Hasse Ferreira, Eduardo Pereira, JamilaMadeira e Ana Catarina Mendes.

«Souum Presidente livre»

No comício de Setúbal, o chefe de Estadodeixou bem claro ser «um Presidente daRepública livre» e pronto a decidir emnome dos portugueses. O candidato doPS aludia então ás críticas do PSD pelosimples facto de ter protagonizado umacoligação com os comunistas para aCâmara Municipal de Lisboa e também àscalúnias do director de campanha deFerreira do Amaral de ser «a cabeça dopolvo socialista».«Agora já sou outra vez um espectro, comohá dez anos quando fiz a coligação emLisboa. Já sou a cabeça de uma coisa quenão quero dizer o nome. Já soa a cabeçade um entendimento perigosíssimo para asociedade portuguesa. Isso já acabou, nãosou a cabeça de coisa nenhuma. Eu sósou eu, Jorge Sampaio, livre e pronto adecidir em nome do povo português»,referiu Jorge Sampaio. A independênciado candidato à reeleição para o cargo dePresidente da República esteve emdestaque nas intervenções proferidas nocomício de Setúbal, no qual participou osecretário-coordenador da ComissãoPermanente do PS , Jorge Coelho, quelembrou que o PS quer a eleição de umPresidente da República isento,independente e que não está ao serviçodo partido. «O que está em causa são aseleições para o Presidente da República,e o PS apoia sem nenhuma condição JorgeSampaio. Ele vai continuar a ser oPresidente de todos os portugueses e nãoo Presidente dos socialistas», disse ocamarada Jorge Coelho, retomando,depois, as críticas ao PSD.«Não houve figuras da direita e do centro-direita que não viessem aqui para vercomo estava a situação e para ver setinham hipóteses, mas retiraram-se agrande velocidade», disse, acusandoCavaco Silva, Freitas do Amaral, Proençade Carvalho e Pinto Balsemão de teremprotagonizado candidaturas falhadas.«Ferreira do Amaral não mobiliza ninguém,mas isso é responsabilidade deles e nãonossa», acrescentou.

O

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ACÇÃO SOCIALISTA 6 11 JANEIRO 2001

GOVERNO

O Conselho de Ministros aprovou:

� Um diploma que altera o decreto-lei n.º 393-B/98, de 4 de Dezembro, que adoptamedidas de emergência relativas à encefalopatia espongiforme dos bovinos (EEB),proibindo a utilização na alimentação animal de proteínas e gorduras obtidas a partirde tecidos de mamíferos e determinando a destruição das respectivas existências,constatadas à data da entrada em vigor do diploma;� Um decreto-lei que transpõe para a ordem jurídica interna a directiva 91/629/CEE,do Conselho de 19 de Novembro, com as alterações que lhe foram introduzidas peladirectiva 97/2/CE, do Conselho, de 20 de Janeiro, e pela decisão 97/182/CE, daComissão, de 24 de Fevereiro, que estabelece as normas mínimas relativas à protecçãodos vitelos;� Uma resolução que ratifica parcialmente o Plano Director Municipal de Braga (revisão);� Uma resolução que ratifica uma alteração ao Plano Director Municipal de Marvão;� Uma resolução que ratifica uma alteração ao Plano Director Municipal de Peniche;� Uma resolução que ratifica uma alteração ao Plano Director Municipal de Valongo.

QUANTOS SOMOS?

DEMOGRAFIA Censos 2001

partir do dia 28 de Fevereiro,mais de 22 mil pessoas sairãoàs ruas em todo o País para aprimeira contagem da popu-

lação residente do século XXI, umaoperação em que serão investidos 8,8milhões de contos.A operação censitária, preparada desde oinício de 1998, está dividida em três fases:entre 28 de Fevereiro e 11 de Marçodecorre a distribuição dos questionários;entre 12 de Março e o final de Abril a recolhados questionários e entrevista aorepresentante da família e até ao final de2002 o tratamento dos dados recolhidos.Em declarações Imprensa, o director dosCensos 2001, Fernando Casimiro, revelouque a operação deste ano contém duasinovações na divulgação dos resultadosobtidos: um cd-rom com os dados relativosa todos os recenseamentos efectuados emPortugal e uma base de dados de acessolivre na Internet.Com Portugal «dividido» em cerca de 135mil pequenas áreas (denominadassubsecções estatísticas), o acesso aosdados contidos no cd-rom e na base dedados não permite, contudo, obter

informações cujo resultado seja inferior atrês � uma forma de «impedir aindividualização dos números requeridose a consequente identificação doscidadãos».

por exemplo, ao número de residentes emPortugal.Fernando Casimiro sustentou também queo «pormenor» da operação censitária desteano será um «suporte fundamental paraqualquer Governo definir as suas políticas»na medida em que o conjunto de dadosobtidos está directamente ligado à vida dapopulação.A informação recolhida nos Censos é, noentanto, insuficiente, dado que é apenasobtida «de dez em dez anos». Por isso,defende Fernando Casimiro, «Portugalprecisa de realizar um esforçoadministrativo muito grande que permitaactualizar a informação recolhida nos anosem que não são efectuadas operaçõescensitárias».A preparação da operação Censos 2001implicou a realização de 1.200 cursos deformação correspondentes a cerca de 17mil horas de actividade lectiva com oobjectivo de preparar os 22 milintervenientes para o trabalho de contagemde cerca de dez milhões de habitantes, 3,2milhões de famílias, 4,5 milhões dealojamentos e 2,9 milhões de edifícios.Entre questionários e documentosauxiliares, foram impressos 135 milhões depáginas A4.

CONSELHO DE MINISTROS Reunião de 4 de Janeiro

A

O mesmo responsável sublinhou que aoperação Censos 2001 vai permitir «obterum conjunto de informação estatística deedifícios, alojamentos, famílias e indivíduosdesagregada até ao pormenor geográficodo quarteirão, dados que a maioria dasvezes não é possível atingir com ainformação administrativa».Pela primeira vez na história das operaçõescensitárias em Portugal � cujo inícioremonta a 1864 � os resultados estatísticosrecolhidos na próxima operação permitirãosaber também com exactidão o número depessoas portadoras de deficiência bemcomo o grau de incapacidade decorrenteda deficiência que possuem.É que, no Censos 2001, foi decidido voltara observar o tipo de deficiência (desde1970 que estes dados não eram recolhidosem recenseamentos), bem como orespectivo grau de incapacidade.Depois de recolhidos os questionários, trêsequipas constituídas por cerca de 90pessoas cada processarão os dadosatravés de leitura óptica, num processo quese prolongará até ao final de 2001.No início de 2002 começarão a serconhecidos os dados finais da operação,mas em meados deste ano já será possívelobter os dados provisórios relativamente,

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11 JANEIRO 2001 ACÇÃO SOCIALISTA7

PELO PAÍS Governação Aberta

GOVERNO

ADMINISTRAÇÃO INTERNAO secretário de Estado adjunto do ministroda Administração Interna, Carlos Zorrinho,anunciou, no dia 8, em Bragança, que onovo estatuto dos governadores civis estarápronto dentro de três meses.Segundo o governante, o assuntocomeçaria a ser discutido na passada terça-feira no conselho de secretários de Estado.O secretário de Estado referiu que o novoestatuto «não dará poderes executivos aogovernadores civis, na medida em que asolução dos problemas continua a passarpelas instituições competentes, mas viráclarificar as suas competências».Para Zorrinho, o estatuto virá enquadrarlegalmente o que já acontece um pouco naprática, porque, apesar do «estatutominimalista» actual, que se resume àrepresentação do Governo nos respectivosdistritos, «a pressão das populações leva aque a acção dos governadores vá muitopara além do que está definido».Além de representantes do Governo, o novodiploma vai transformar os governadorescivis naquilo a que o secretário de Estadoapelidou de «provedorias distritais», ou seja,«um órgão que possa receber e encaminharos cidadãos quando têm problemas ouprojectos».A principal novidade é a criação de umconselho coordenador em cada distrito,com funções consultivas, no qual terãoassento todos os responsáveis daAdministração Central de âmbito distrital,presidentes de câmara e representantes devárias áreas, conforme os problemas quese configurem.

AGRICULTURAO ministro da Agricultura assistiu, ontem, emLisboa, a uma reunião de preparação de«uma mega operação de fiscalização» sobrea rotulagem obrigatória da carne de bovino.

Na reunião participam a Direcção-Geral deFiscalização e Controlo Alimentar, aDirecção-Geral de Veterinária e as setedirecções regionais de agricultura do País.Segundo fonte do Ministério da Agricultura,a operação de fiscalização em preparaçãodeverá ser desencadeada nos próximosdias com incidência em matadouros, salasde desmancho, grandes superfíciescomerciais e talhos.A partir deste mês a rotulagem da carne de

bovino é obrigatória, de forma a que oconsumidor tenha uma informaçãodetalhada sobre a carne que está a comprar.A obrigatoriedade surge na sequência decasos de encefalopatia espongiformebovina (BSE) detectados um pouco por todaa Europa.

COMUNICAÇÃO SOCIALO secretário de Estado da ComunicaçãoSocial criticou, no dia 6, a inclusão deinformações sobre o «Big Brother» nosnoticiários televisivos, considerando quedeste modo os jornalistas se deixaramcondicionar pelos interesses comerciais dasestações.Arons de Carvalho falava, em Alenquer,durante um debate sobre ComunicaçãoSocial regional em que disse que «o maispreocupante não é o �Big Brother� comoproduto em si, onde a população encontraum meio de entretenimento, mas por osespaços informativos estarem ditados porregras comerciais em vez do rigorinformativo».O governante frisou que o problema «nãoé tanto as televisões comerciais daremesses programas, mas que os jornalistasse deixem condicionar pelos interessescomerciais das estações».Arons de Carvalho deu como exemplo de«falta de rigor», além de o telejornal da TVIter transmitido notícias sobre o «BigBrother», o caso das eleições do Benfica,«quando passava pelos telejornais a defesade um dos candidatos à presidência doclube».O membro do Governo concluiu que «ojornalismo português está em crise», tendojustificado com outros exemplos «da faltade respeito pela deontologia» a «invençãode notícias no �Independente�», uma sobreum assunto que não foi discutido emConselho de Ministros e outra de umareunião com o presidente da RTP que,segundo o secretário de Estado, tambémnão existiu.Sobre o futuro da Imprensa e das rádiosregionais, Arons de Carvalho referiu que anova lei das rádios locais vai «ser maiscombativa» no sentido de ter manter umamaior ligação às comunidades locais queservem.O secretário de Estado disse que aconcentração da propriedade «foiacompanhada pela perda de identidadedas rádios locais».Relativamente à Imprensa regional, ogovernante defendeu que os jornais«devem afirmar o que está próximo porcontraponto à globalização e à informaçãoque chega da outra parte do mundo».

CULTURAO ministro da Cultura anunciou, no dia 8,em Lisboa, que vai propor a rescisão decontrato aos 150 trabalhadores do TeatroNacional D. Maria II e uma estrutura quepermita a renovação da companhia deteatro a cada três anos.José Sasportes apresentou segunda-feiraaos jornalistas um esboço dareestruturação que o Ministério da Culturapretende para o Teatro Nacional D. MariaII, devido à situação «bastante dramática»

daquele espaço.Um recente levantamento da situação doteatro levado a cabo pela comissão degestão nomeada pelo ministro em Outubrodo ano passado, para apurar «carências edeficiências» do D. Maria II, constatou a«existência de elevado número deirregularidades».

Estas situações, algumas delas divulgadasna passada segunda-feira, resultam, noentender da equipa que fez o levantamento,de «medidas de administração poucoeficientes e desadequadas ao quadronormativo vigente».Dos 150 trabalhadores do teatro, 29 sãoactores, e, entre estes, uma dezena estãoem situação de reforma, sendo que a idademédia da companhia de teatro é de 56 anos.

FINANÇASO ministro das Finanças, Pina Moura,efectuou, ontem, uma visita de trabalho àRegião Autónoma da Madeira, incluída numconjunto de deslocações que o governantetem vindo a efectuar desde a passadasegunda-feira, dia 8, pelas direcçõesdistritais das Finanças e Alfândegas.Os aspectos relacionados com a reformafiscal foram abordados nos encontros queo ministro manteve na região.Durante o encontro que teve com opresidente do Governo madeirense, AlbertoJoão Jardim, Pina Moura discutiu problemasrelativos à lei das finanças regionais,regionalização de alguns serviços nadependência daquele Ministério e à situaçãode atraso na transferência de algumasverbas do Estado para a Madeira.Entre estes encontram-se os cerca de cincomilhões de contos correspondentes aoscustos da electricidade e o meio milhãoafecto à instalação do novo centro logísticode combustíveis.

REFORMA DO ESTADOO ministro da Reforma do Estado eAdministração Pública defendeu, no dia 6,em Coimbra, modelos organizacionais maisflexíveis, para um melhor aproveitamentodas despesas públicas, e a requalificaçãodo sector.«Alguns dos modelos orgânicos sãoineficazes, não produtivos, provocamdespesa pública desnecessária», afirmouAlberto Martins, ao intervir no oitavo

aniversário do Instituto Superior BissayaBarreto.Dos 650 mil funcionários do Estado, cercade 550 mil trabalham na AdministraçãoCentral e apenas 3,4 por cento sãolicenciados, tendo em conta que dos 27 porcento de licenciados da Administração 16,6por cento são de carreira docente e 7 porcento são médicos.

Desde 1996 � acrescentou �terão sidocontratados pela Administração cerca de 20mil trabalhadores, metade em regime deavença e outro tanto a contrato a termo.O congelamento das admissões naAdministração tem sido «torneado comcontratos a termo em função de pressõesimediatas dos serviços», referiu ogovernante, sublinhando o facto de cercade 70 por cento dessas contratações seremno sector da Saúde.

TRABALHOO secretário de Estado do Trabalho eFormação, Paulo Pedroso, anunciou, no dia8, em Matosinhos, que será lançado em Abrilum novo inquérito nacional para avaliar aincidência da exploração do trabalho infantilem Portugal.Segundo Paulo Pedroso, com esteinquérito, cujo resultado será conhecidoantes do fim do ano, o Governo pretenderegistar qual a evolução do fenómeno entre1998 e 2001.«Do inquérito realizado em 1998, apurámos,pela boca dos pais, que existiam cerca de15 mil crianças em situação de exploraçãodo trabalho infantil, enquanto que pelotestemunho das próprias crianças o númeroaumentou para cerca de 40 mil», disse.Paulo Pedroso admitiu que, em Portugal, «aexploração do trabalho infantil nas fábricas,em situações perigosas, está a diminuir»,mas alertou para o facto de estar a surgiruma nova vertente do problema.«A exploração do trabalho infantil apareceagora no trabalho domiciliário e após ohorário da escola», referiu.O governante falava, na Exponor, ondedecorreu a cerimónia de entrega dosprémios pecuniários (1.500 euros) paraapoio à execução dos 17 projectos deassociações juvenis seleccionados para oConcurso Nacional pela Prevenção daExploração do Trabalho Infantil, denominado«Há um tempo para aprender».

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ACÇÃO SOCIALISTA 8 11 JANEIRO 2001

PARLAMENTO

SEM HESITAÇÕES... DIREITA DOS INTERESSESEM CAMPANHA DE INTOXICAÇÃO

CONTRA REFORMA FISCAL

DEPUTADO ANTÓNIO MARTINHO Desenvolvimento

O deputado socialistaAntónio Martinho nãoquer que o IP3 seja«obstruído por umqualquer lobo ibérico» oupor «outro tipo de lobosdos que já fizeram

atrasar demasiado esta infra-estrutura,reconhecidamente fundamental para aregião (de Vila Real) e para o País».António Martinho intervinha, no dia 4, naAssembleia da República, no período antesda ordem do dia, a propósito da assinaturado contrato de concessão da auto-estradainterior Norte ao consórcio Norscut.Recorde-se que esta concessão inclui aconcepção, construção e exploração deuma parte significativa do IP3, que vai dafronteira de Chaves até Viseu, numaextensão de 155 quilómetros e com uminvestimento que ultrapassa os 100 milhõesde contos.Assim, segundo o parlamentar do PS, «estaauto-estrada constitui mais um passo paradar resposta a dois objectivos que o actualGoverno definiu para as infra-estruturasrodoviárias, a saber: transformar uma redede auto-estradas do litoral numa verdadeirarede nacional de auto-estradas e duplicara actual rede existente».A auto-estrada, para António Martinho,«mostra-se de grande importância, não sópara todo o interior Norte, designadamentepara a região de Trás-os-Montes e AltoDouro e, de uma forma ainda maisevidente, para o distrito de Vila Real, mastambém para todo o País».Neste sentido, o deputado do GP/PS citoucomo exemplo o importante papel que oIP3 pode desempenhar nodesenvolvimento de toda a região, frisandoque esta infra-estrutura «constituirá aespinha dorsal, em termos de rodovias, dodistrito» de Vila Real.«Uma correcta estratégia dedesenvolvimento impõe que se passe deimediato à fase seguinte que é a dapreparação da construção de uma redeviária complementar ou beneficiação da

rede existente que possibilite uma ligaçãorápida e segura dos restantes concelhos aeste IP e às cidades e vilas que atravessa»,considerou.António Martinho sublinhou ainda a ideiasegundo a qual o IP3 facilitará o transporteem condições mais vantajosas dosprodutos da região Norte para a Europa einclusive para outras regiões de Portugal.É por tudo isto que o deputado socialistadefende um avanço deste processo semmais «hesitações» nem «empecilhos».

Agitações e soluções

A preocupação do parlamentar do PS como Norte do País tem vindo a evidenciar-secada vez mais.Assim, numa intervenção realizada no dia13 de Dezembro último, António Martinhofalava num debate de urgência de iniciativalaranja sobre os problemas que afectam aCasa do Douro e a vitivinicultura duriense.O deputado do PS recordou, durante asessão plenária parlamentar que foi nadécada cavaquista e não no período deadministração socialista que a região doDouro entrou em crise.«O PSD, único detentor deresponsabilidades governativas nessaaltura, foi sempre parte do problema, nuncafoi parte da solução», afirmou.Mas, hoje, segundo António Martinho, asituação do Douro é «diferente».«O Douro produz mais e melhor vinho fino;mas produz também melhor vinho demesa», sendo actualmente mais do queuma região produtora de vinho dequalidade.«O Douro, rio, é uma via de navegação poronde transitam turistas e riquezas daregião», observou.Na opinião de António Martinho, o PSD nãosó foi parte do problema desde a sua géne-se, como agora pretende também ser partede uma agitação desnecessária e inútil.Contrariamente, o Partido Socialista temsido, esse sim, parte da solução.

MARY RODRIGUES

DEPUTADO MANUEL DOS SANTOS Finanças

Numa intervenção no dia4, no Parlamento, quecausou algum desconfortoe mal-estar nas bancadasdo PSD e do PP � unidasconjunturalmente emdefesa dos grandes

interesses e privilégios -, o deputado doPS Manuel dos Santos alertou que está emcurso uma megacampanha dos sectoresque se opõem à reforma fiscal.O vice-presidente da bancada do PSdefendeu que o aumento de nove porcento das receitas fiscais será obtido comuma maior eficiência no combate à fugaao fisco e ao crescimento económico.A posição do dirigente do GrupoParlamentar do PS surgiu na sequência deuma intervenção muito crítica do deputadodo PSD Rui Rio sobre as consequênciasda reforma fiscal recentemente aprovadana Assembleia da República.Uma intervenção do deputado laranja quesurge no quadro de uma campanhaviolentíssima da direita contra umareforma fiscal que mexe com interessesinstalados, ou seja, certos sectores dasociedade, com elevados rendimentos, e

que durante décadas fugiramimpunemente ao fisco.É muito simplesmente isto que está emcausa e que tanto dói à direita dosinteresses, que não se conforma com umareforma fiscal justa e solidária e já está alançar diversos espantalhos e fantasmaspara a opinião pública, numa gigantescacampanha de intoxicação.Numa resposta às pseudopreocupaçõesdo deputado laranja, o deputado socialistaManuel dos Santos referiu que osestimados nove por cento de aumento dasreceitas fiscais «resultarão precisamentedo crescimento do produto e da aplicaçãoda reforma fiscal, que tornará muito maisdifícil a fuga ao pagamento de impostos».Na sua intervenção, o vice-presidente dabancada socialista condenou os sectoresque se estão a opor à execução dareforma fiscal, além do PSD e do CDS-PP.«Estamos a assistir a ameaças e pressõesde grupos económicos, a analistaspolíticos com dúvidas, os partidos dedireita preocupados com os votos daesquerda, a meios de comunicação socialincrédulos e, a maior parte das vezes,negativistas», sublinhou. J. C. CASTELO BRANCO

CONSTRUÇÃODE UMA SOCIEDADE

MAIS IGUALITÁRIA E PARITÁRIA

DEPUTADA ROSA ALBERNAZ Igualdade de oportunidades

«A igualdade de oportu-nidades não se encontraplenamente resolvida,mas não podemosescamotear os grandesdesenvolvimentos que oXIII e o XIV Governos do

partido Socialista têm assegurado nestedomínio e de forma transversal», afirmou nodia 21 de Dezembro, Rosa Maria AlbernazA deputada do PS falava durante adiscussão de um conjunto de iniciativassobre a igualdade de que incidem sobre aigualdade de oportunidades entre homense mulheres.Rosa Maria Albernaz salientou que,conforme o previsto no programa do XIVGoverno Constitucional, «o ano 2000 foimarcado por uma intensificação nasmedidas de valorização das políticasrelativas à igualdade de oportunidades entrehomens e mulheres.Quanto a um projecto de lei apresentadopelo PSD cheio de críticas no seupreâmbulo, a deputada do PS considerou-

as «injustas» e carecidas de «fundamento»,lembrando a propósito que no âmbito daregulamentação e revisão de diplomasfundamentais para a área da igualdade,procedeu-se à elaboração de diplomaslegais e de regulamentação de leis da AR,tais como, por exemplo, as alteraçõesintroduzidas à Lei da Maternidade ePaternidade, a preparação daregulamentação da Lei da Maternidade e daPaternidade no âmbito do sector privado eno sector público, bem como a resoluçãodo Conselho de Ministros que aprovou oPlano Global para a Igualdade deOportunidades.Rosa Maria Albernaz destacou ainda aimportância da atribuição de prémios -«Igualdade é Qualidade» - às empresas compolíticas exemplares em matéria deoportunidades entre mulheres e homens.«Se isto é ser inactivo... então existe umaconfusão terminológica quanto a esseconceito e o PSD quereria dizer que oGoverno foi activo, empreendedor e ousadoneste domínio», disse. J. C. CASTELO BRANCO

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11 JANEIRO 2001 ACÇÃO SOCIALISTA9

UNIÃO EUROPEIA

PRESIDÊNCIA SUECA VAI APOSTARNA SEGURANÇA ALIMENTAR

PORTUGAL TEM DE ESTAR«ATENTO» E SER «IMAGINATIVO»

NA NOVA EUROPA

AGRICULTURA Ministra revela

segurança alimentar é uma dasprioridades da presidênciasueca da União Europeia (UE),com destaque para o problema

da BSE, defendendo a ministra sueca daAgricultura a despistagem obrigatória emtoda a UE.Margareta Winberg anunciou esta prioridadeno dia 3 em Lisboa, onde se encontrou como ministro português do sector, LuísCapoulas Santos.A governante escolheu Portugal para o inícioda ronda de contactos com os responsáveisda Agricultura de cada país membro, noâmbito da presidência sueca da UE.Após o encontro, Winberg defendeu ostestes de despistagem da «doença dasvacas loucas» para todos os animais mortoscom mais de 30 meses e que vão entrar nacadeia alimentar.Além disso, pretende que os testes sejamalargados a toda a UE, até porque o enormenúmero de carcaças a destruir geraproblemas, já que, a capacidade deincineração é limitada, nomeadamente emPortugal e na Suécia, dois dos países quetêm de exportar os seus materiais de risco.Em Portugal, vão entrar em funcionamento25 laboratórios, já em Abril, com o objectivode analisar todos os animais abatidos,medida já anunciada por Capoulas Santose que implica custos de cerca de 3,7milhões de contos.De qualquer modo, os testes estarão emvigor na União durante a primeira metade

do ano, período após o qual será elaboradoum relatório com o ponto da situação emcada país.Da agenda apresentada pela ministra suecaao seu homólogo, baseada nas trêspalavras chave escolhidas pela Suécia paraa presidência (alargamento, emprego eambiente) consta a sua aplicação àagricultura, mas também a saúde etransporte animal e a referida segurançaalimentar.Ainda acerca deste ponto, MargaretaWinberg fez questão de frisar que há áreas

onde os riscos são «muito maiores que naBSE», como é o caso do tabaco,responsável pela morte de milhares depessoas.No entanto, «não nos importamos comisso», e a UE não só não defende a aboliçãodeste produto, como ainda incentiva a suacultura, disse.O alargamento da UE a outros países vaiter consequências no sector agrícola, quetêm de ser ponderadas e o empregorepresenta uma situação de desafio, já que,é necessário encontrar alternativas para fixaros agricultores e famílias no campo, quandoa actividade agrícola enfrenta problemas,acrescentou a ministra.Capoulas Santos referiu a sua «plenaconcordância com o essencial dos pontosapresentados» e reiterou a disponibilidadede Portugal para apoiar a presidência suecada UE, país que pela primeira vezdesempenha este papel.O ministro português reafirmou a confiançano compromisso do Comité de que adecisão de levantar o embargo à carne devaca portuguesa seja avançada, o maistardar, até 30 de Julho.

Este assunto foi focado na reunião comMargareta Winbergo, tendo CapoulasSantos sensibilizado a ministra para ainjustiça da situação.A alteração das regras da organizaçãocomum do mercado do arroz poderá seroutro assunto em cima da mesa, nospróximos seis meses.Portugal «está aberto a modificações, desdeque os rendimentos dos agricultores estejasalvaguardado» e não esquecendo quealgumas áreas desta culturadesempenham, também, uma funçãoambiental.O acordo de pesca com Marrocos foi faladopelos ministros da Agricultura e CapoulasSantos transmitiu à ministra asespecificidades internas de Portugal,diferentes de Espanha, apesar de este serum processo conduzido pela Comissão.Para o ministro da Agricultura,Desenvolvimento Rural e Pescas, ou seobtém um acordo ou se põe em prática umplano de reestruturação da frota, o qual jáfoi apresentado por Portugal à ComissãoEuropeia, devendo ser em breve entreguetambém à presidência sueca.

SEMINÁRIO DIPLOMÁTICO Guterres alerta

O camarada António Guterres disse no dia3 que Portugal vai ter que estar «atento» eser «imaginativo» para se afirmar numaEuropa em profunda mutação e que daquia 10 anos será já muito diferente do que éhoje.Numa Europa mais alargada e maisheterogénea, com um ou vários núcleosduros, «é absolutamente indispensável quePortugal esteja sempre em todos osnúcleos duros que se constituam, é umaquestão vital de afirmação nacional»,afirmou ainda o primeiro-ministro, quefalava no almoço do SeminárioDiplomático.Trata-se de uma Europa onde há o riscode deriva («e a Cimeira de Nice foi disso aprova evidente») para uma lógica deafirmação das grandes potências, «maisintergovernamental e menos comunitária,ao contrário do que por vezes parece»,observou.O primeiro-ministro, que tinha a seu lado oministro dos Negócios Estrangeiros daBélgica, Louis Michel, considerou que,além da mutação em curso na Europa,também a imigração vai contribuir para a

mudança na forma da expressão dosinteresses de Portugal no mundo.

Deixámos de ser um paísde emigrantes

«Deixámos de ser um País de emigrantespara passarmos a ser um país deimigrantes», salientou, lembrando asconsequências que este facto vai ter a nívelda rede consular, da evolução social doPaís e da forma de exprimir a coesãonacional.O ministro de Estado e dos NegóciosEstrangeiros, Jaime Gama, e os seuscolegas da Defesa e da Juventude eDesporto, Castro Caldas e José Lello,respectivamente, eram algumas daspersonalidades presentes no almoço, ondeestavam também Victor Milícias, há poucochegado de Timor, e Rui Machete,presidente da Fundação Luso-Americana.O Seminário Diplomático reúnetradicionalmente a seguir ao Natal no CCBos embaixadores portugueses em muitospaíses num encontro de dois diaspreenchidos com diversas conferências.

DESEMPREGO MANTÉM-SENOS 8,8 POR CENTO

EM NOVEMBRO

ECONOMIA Zona euro

A taxa de desemprego manteve-se estávelnos 8,8 por cento na zona euro, emNovembro, face a Outubro, anunciou oEurostat, o departamento de estatísticaseuropeu.No conjunto dos 15 países da UniãoEuropeia (UE), o desemprego baixou 0,1pontos percentuais para 8,1 por cento.Um ano antes, em Novembro de 1999, ataxa de desemprego era de 9,6 por cento,na zona euro, e de 8,9 por cento, na UE.As taxas mais baixas foram registadas noLuxemburgo (2,1 por cento), na Holanda(2,8, - dado de Outubro) e na Áustria (3,2por cento).A taxa de desemprego em Espanha (13,6por cento) continua a ser a mais elevadada UE.

Em Portugal, a taxa de desempregomanteve-se nos 4,1 por cento, emNovembro.Nos últimos 12 meses, as baixas relativasmais importantes foram observadas naIrlanda (de 5,2 por cento para 4,1 porcento), na França (de 10,7 para 8,9 porcento) e na Suécia (de 6,8 para 5,6 porcento).Por comparação, o Eurostat indica que astaxas de desemprego foram de 4,0 porcento nos Estados Unidos da América ede 4,7 por cento no Japão, no período emanálise.No mês de Novembro de 2000, 11,5milhões de homens e mulheresencontravam-se desempregados na zonaeuro para um total de 14 milhões na UE.

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ACÇÃO SOCIALISTA 10 11 JANEIRO 2001

SOCIEDADE & PAÍS

RENOVAR PORTUGAL

ANO LUSO-MARROQUINO

COMUNIDADES Novo rosto

NEGÓCIOS ESTRANGEIROS 2001

secretário de Estado dasComunidades Portuguesas,João Rui Gaspar de Almeida,realçou recentemente a impor-

tância de todos os portugueses, «os dedentro e de fora», para renovar Portugal.Na sua primeira intervenção pública � noencerramento do Seminário Diplomático2001, que decorreu no Centro Cultural deBelém, em Lisboa � o secretário deEstado expressou o seu apreço pelotrabalho desenvolvido pelo seuantecessor, José Lello, «que conseguiutrazer o tema das Comunidades para aprimeira linha política do País e conferir-lhe um decisivo papel na própriarenovação da imagem de Portugal noestrangeiro».Para João Gaspar de Almeida, o trabalhodesenvolvido pelo Governo portuguêstem como resultado o reforço doprestígio de Portugal no mundo.«A primeira ideia que se faz de um povo,de um país, é aquela que os seusnacionais dão no estrangeiro», declarouo governante, acrescentando ser

fundamental «contar com osportugueses, os de dentro e os de fora,para renovarmos Portugal».Para João Gaspar de Almeida, osportugueses que emigram são cada vezmenos «um apêndice acessório da

população portuguesa», para seremcada vez mais «um constituinte orgânicode um todo nacional, com direitos cívicose constitucionais iguais aos residentes noPaís, com uma mobilidade turística,académica e profissional impensável háalguns anos atrás», com umaparticipação nos benefícios sociais «quese julgaria impraticável».O secretário de Estado aproveitou aocasião para sal ientar que «oreconhecimento do direito de elegeremo Presidente da República, o apoio socialaos idosos e o programa de estágios emPortugal para jovens luso-descendentes»são exemplos de uma nova ideia, etambém de uma nova prática, da unidadedo País.«Mas é necessário encontrar umequilíbrio entre as exigências feitas pelascomunidades e as possibilidades daSecretaria de Estado», disse.Por vezes não é fácil encontrar esseequilíbrio, acrescentou, lembrando, comoexemplos, o problema da segurançapessoal na África do Sul, cada dia mais

dramático, e o apoio às vítimas dasinundações na Venezuela.«São situações em que a sol idáriaatenção das autoridades portuguesasnão basta para satisfazer as aspiraçõesdas respectivas comunidades. O Estadoportuguês tentará, na medida derecursos pouco avultados, contribuir paraa sua superação», declarou João Gasparde Almeida.O secretário de Estado acrescentou, noentanto, que o Governo de Lisboa se vê«confrontado com um complicado cenáriopolítico local, em que a sua boa-vontadetem de tomar em consideração interessese competências próprias das autoridadeslocais», o que aconselha «uma cuidadosae persistente actuação bilateral com vistaà harmonização da soberania do País deacolhimento e o objectivo de apoiar osnossos nacionais desfavorecidos».João Gaspar de Almeida anuncioutambém que o Governo vai prosseguir ainformatização consular, alargada àsinstalações diplomáticas, comintervenções em diversas embaixadas.

s relações entre Portugal eMarrocos vão intensificar-sedurante este ano, com váriosencontros e iniciativas, pelo que

2001 será o «ano luso-marroquino».A afirmação foi feita pelo ministro dosNegócios Estrangeiros português, JaimeGama, no passado dia 9, em Rabat.Gama falava aos jornalistas no final de umencontro com o presidente da Câmara deDeputados marroquina, AbdelouahadRadi, na presença da Comissão dosNegócios Estrangeiros do mesmo órgão.O chefe da diplomacia portuguesalembrou que, para o ano em curso, estáprevista a visita, ainda sem data marcada,do rei Mohamed VI a Portugal, ondetambém decorrerá a sexta reunião dacomissão mista luso-marroquina.Mas já este mês, a 25 e 26, o chefe dadiplomacia marroquina, MohamedBenaissa, visitará oficialmente Lisboa,retribuindo assim o convite feito ao seuhomólogo português para a visita emcurso.Segundo Jaime Gama, 2001 será tambémmarcado pela participação de Portugalnos trabalhos do primeiro Conselho doAcordo Marrocos/União Europeia (UE),previsto para Fevereiro, na capitalmarroquina, e ainda uma nova deslocaçãode Gama a este país muçulmano pararepresentar o Estado português na reuniãoministerial do Forum Mediterrânico, a 30

de Maio.Gama sublinhou o interesse de Portugalno aprofundamento das relações

económicas com Marrocos, sobretudonas áreas da tecnologia da informação,cultura e turismo, frisando que o reino

marroquino «é uma prioridade» dainternacionalização da economiaportuguesa.Por seu lado, Radi congratulou-se com a«excelência das relações» entre os doispaíses e elogiou o papel de Portugal nareaproximação entre a Europa e África eentre Marrocos e a UE e ainda o apoio deLisboa ao processo de transiçãodemocrática no país.Após o encontro, Jaime Gama seguiu paraMarraquexe, 320 quilómetros a sul deRabat, onde Mohamed VI o recebeu emaudiência.Em declarações à Comunicação Social,antes de partir para Marraquexe, Gamaadiantou que analisaria com o monarcaalauita as relações bilaterais, a parceriaeuro-mediterrânica, a participaçãomarroquina na cimeira África-Europa e queainda acertaria, eventualmente, a datapara a visita de Mohamed VI a Portugalno ano em curso.O chefe da diplomacia portuguesaregressou a meio da tarde de terça-feiraa Rabat, onde se avistou com o primeiro-ministro marroquino, AbderrahmaneYoussoufi, num encontro onde a cimeiraluso-marroquina esteve no centro dasatenções.Jaime gama chegou no dia 8 a Rabat parauma visita oficial de dois dias a Marrocos,a convite do seu homólogo MohamedBenaissa.

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11 JANEIRO 2001 ACÇÃO SOCIALISTA11

SOCIEDADE & PAÍS

GOVERNO CRIA CENTROS EDUCATIVOS

CRIANÇAS EM BUSCA DO OZONO PERDIDO

REINSERÇÃO SOCIAL Jovens delinquentes

ma portaria do Ministério daJustiça recentemente publicadacria os centros educativos parajovens delinquentes e estabele-

ce a sua classificação em função de trêsregimes: aberto, semiaberto e fechado.A nova classificação dos 13 centroseducativos surge na sequência daaplicação da Lei Tutelar Educativa, quepressupõe a existência de «condiçõesadequadas à execução das medidastutelares educativas e de outras decisõesjudiciais, nomeadamente das que implicamo internamento de menores e jovens eminstituições do sistema da justiça».O regime de funcionamento e grau deabertura ao exterior dos centros educativos(nova designação para os actuais colégios

de acolhimento do IRS/Instituto deReinserção Social) é condicionado pelarespectiva classificação (aberto,semiaberto ou fechado), de acordo com oregime de execução das medidas deinternamento.Todos os centros agora criados dispõemde regime semiaberto, sem prejuízo dacoexistência com outro regime mais brandoou severo.De acordo com o Ministério da Justiça, coma conclusão de algumas obras ainda emcurso, tornar-se-á necessário proceder auma revisão da classificação dos centroseducativos agora estabelecida, por forma«a ajustar as respostas deinstitucionalização às necessidades queforem surgindo com a aplicação do novo

regime legal».Os centros educativos repartem-se aindaem três grupos consoante se destinem aacolher jovens do sexo masculino, menoresdo sexo feminino ou de ambos os sexos.Os centros educativos com regime maissevero (semiaberto e fechado) são o doMondego, em Cavadouce (distrito daGuarda), dos Olivais em Coimbra, PadreAntónio de Oliveira em Caxias (Oeiras) ede São Bernardino, em Atoguia da Baleia,Peniche.A presente portaria entrou em vigor nopassado dia 1 de Janeiro.Juntamente com esta portaria, saíram hojeoutras duas relativas ao regulamento gerale disciplinar os centros educativos e odecreto- lei que regulamenta a lei que

aprova a Lei Tutelar Educativa, que separaos menores e jovens em risco dos jovensdelinquentes, ficando os primeirosentregues à Segurança Social e ossegundos ao IRS, entidade tutelada peloMinistério da Justiça.Por ocasião da entrada em vigor da LeiTutelar Educativa, o ministro da Justiça,António Costa, inaugurou a unidade deregime fechado do Centro Educativo PadreAntónio de Oliveira, em Caxias.António Costa presidiu ainda no Centro deEstudos Judiciários (CEJ) à sessão deencerramento da acção de formação inicialde cerca de 120 novos técnicos dereinserção social que foram recrutadospara reforço das condições de aplicaçãoda nova Lei Tutelar Educativa.

DIRECÇÃO-GERAL DE ENERGIA Projecto de sensibilização

m busca do ozono perdido»é o novo canal do «site» ABCda Energia, dedicado àsensibilização das crianças

para o buraco que as agressõesambientais estão a provocar na camada deozono envolvente da atmosfera terrestre.O utilizador «entra» numa história, embanda desenhada, que conta como «acamada do ozono está a ser comida poralguns químicos» que se produzem naTerra, alertando para o desaparecimento do

ozono, as suas causas e efeitos,apresentando ainda algumas soluçõesambientais para a sua preservação.Zé Maria, o personagem principal, é umjornalista que recebe ordens do seudirector para «ir até ao fundo» desta história.O reconhecimento do mérito deste «site»(www.abcdaenergia.com) levou aDirecção-Geral da Energia a patrocinar denovo este projecto, por forma a garantir asua viabilização e a qualidade crescente.Outro canal novo deste «site» é o

«Reciclapólis», uma «cidade» para visitarque mostra como os seus habitantesreciclam, reduzem, e reutilizam o lixo.Embora esteja ainda em construção, estecanal do ABC da Energia pretende ensinaras crianças a utilizarem a política dos trêsR�s � Reduzir, Reutilizar e Reciclar �contando como aquela se modificou aolongo dos anos.Segundo o «site», «Reciclopólis» eraconhecida por «Lixopólis», uma vez que osseus residentes ainda «não tinham

pensado muito sobre para onde o lixo iaquando eles o deitavam fora».Refere o texto que «coisas que facilmentepodiam ter sido reutilizadas ou recicladaseram atiradas para o lixo, porque ninguémacreditava que reciclar fazia a diferença».Com jogos, passatempos, definições, umfórum e um canal dedicado a professores,o ABC da Energia apresenta-se como um«site» que oferece informaçãocomplementar à disponibilizada pelaDirecção-Geral da Energia.

JOÃO SOARES SALVA CINEMA S. JORGE

LISBOA Cultura

Prometeu e cumpriu. João Soaressalva mais uma sala deespectáculos em Lisboa. Trata-sedo Cinema São Jorge, patrimóniocultural de todos os lisboetas, quenão podem estar condenados a vercinema em salas minúsculas emque se remoem pipocas segundopadrões «made in USA». A Câmarade Lisboa está de parabéns, pornão ceder aos interesseseconomicistas. Governar umacidade segundo um programa deesquerda é tomar este tipo demedidas.

compra do Cinema S. Jorgepela Câmara de Lisboa vaicustar um milhão de contos,estando já a decorrer os

contactos com bancos para financiar aaquisição, garantiu o vereador Fontão deCarvalho.Devido ao elevado custo da aquisição doS. Jorge, o vereador das Finanças daCâmara Municipal de Lisboa revelou quetem estado a contactar várias entidadesbancárias.Sem o apoio do Ministério da Cultura, aautarquia avança sozinha para a aquisiçãodo histórico cinema da avenida daLiberdade.«Não foi possível encontrar parceiros. OMinistério da Cultura diz não ter dinheiro e aCinemateca Portuguesa não tem meios»,disse o presidente da autarquia, JoãoSoares.Sem apoios governamentais, «a Câmaraestá a procura de entidades interessadasem financiar o processo», referiu Fontão deCarvalho.

A decisão da Câmara de Lisboa vir a exercero direito de preferência na compra docinema S. Jorge, que encerrou no dia 30 deNovembro, foi anunciada pelo presidenteda autarquia, João Soares.«Assumimos que íamos salvar o S. Jorge e,mesmo sem parceiros, vamos refazer umagrande sala de espectáculos», disse naaltura João Soares.O S. Jorge foi uma das primeiras salas doPaís construída de raiz expressamente paracinema, nos anos 50, com uma capacidadepara 1.827 lugares.Alvo de obras de transformação nos anos80, o edifício passaria a ter três salas quegradualmente viam o número deespectadores diminuir.«Até agora ainda não deixámos morrernenhuma sala. Primeiro foi o [cinema] Roma,que transformámos no Fórum Lisboa eagora é o S. Jorge», disse João Soares.A

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ACÇÃO SOCIALISTA 12 11 JANEIRO 2001

AUTARQUIAS INICIATIVAS & EVENTOS

AUTARQUIAS

Amadora

Habitação Social e educação sãoprioridades para 2001Habitação social e educação são asprioridades do plano de actividades daCâmara da Amadora para 2001, eminvestimentos de 14 milhões de contos deum total de 24 milhões, anunciou opresidente Joaquim Raposo.

A autarquia vai aplicar mais de 10,2 milhõesde contos na construção de casas para oPrograma Especial de Realojamento (PER)e outras destinadas a casais jovens duranteo próximo ano, segundo dados emconferência de Imprensa.A educação tem 3,6 milhões de contosdestinados ao ensino pré-escolar e básico,num projecto que até 2003 intervirá em 30escolas e 71 salas de aula. A administraçãocentral comparticipa com cerca de 2,5milhões de contos neste sector noconcelho.No investimento nas acessibilidades, aautarquia participa com 1,7 milhões de umtotal de 19 milhões, assegurados tambémpelo poder central e por empreiteiros.A conclusão da CRIL é um dos projectosde maior envergadura, no valor de setemilhões de contos, mas Joaquim Raposogarante que «não vai consentir» o modelode viaduto e vale, terminando no nó daDamaia, defendido pelas candidaturas emapreciação pelo Ministério doEquipamento.Joaquim Raposo disse aos jornalistas quea Câmara da Amadora elaborou já umprojecto alternativo que defende o fim dotroço final da CRIL em túnel, tambémpreferido por Lisboa, que Raposo diz irpoupar quatro milhões de contos emexpropriações, além de trazer maisvantagens ambientais.O autarca da Amadora e João Soares estãocontra a hipótese de viaduto porque vaipassar por cima do Bairro de Santa Cruz,obrigando a demolições e fazendodemorar ainda mais a conclusão da obra.Da parte da câmara, os terrenosnecessários à construção do fim da CRILestarão libertos no princípio do ano quevem.A aposta na habitação começa já noprincípio de Janeiro, com a entrega de maisde 700 fogos PER e habitação jovem parafamílias na Boba e Casal do Silva.Prontas a começar estão também obras na

Azinhaga dos Besouros, Alfornelos,Falagueira, Brandoa e Moinho do Guizo,num total de mais de mil fogos.A menos de um ano de eleiçõesautárquicas, Joaquim Raposo admite quealguns projectos não estarão prontos nofinal do mandato, embora devam seriniciados em 2001, como a ligação doMetro à Amadora e a conclusão da CRIL.

Faro

Autarquia oferece livrosa Cabo VerdeJá chegaram a Cabo Verde cerca de 500livros oferecidos pela Câmara de Faro àCidade da Praia.

A oferta, feita no âmbito do protocolo degeminação existente entre as duascidades, visa fortalecer a relação entre asmesmas e proporcionar aos locais ummaior conhecimento sobre a capitalalgarvia, através de contactos maisregulares.Fazem parte desta oferta, para além dediversas publicações com a chancela daautarquia fafense, outras de carácterpedagógico gentilmente cedidas pelasSelecções do Reader�s Digest.O objectivo central da iniciativa é que esteslivros sejam distribuídos pelos diversosestabelecimentos de ensino, bibliotecas eoutros organismos.

Loulé

Autarquia aposta na melhoriade arruamentosA Câmara Municipal de Loulé aprovourecentemente a adjudicação da empreitadapara a melhoria de arruamentos emQuarteira.Assim, o município irá proceder àrepavimentação das ruas Gago Coutinho,Previdência, Dona Francisca de Aragão, GilEanes, Infante Santo, Largo do Poeta Pardale Travessa do Pontão.O investimento total para esta obra é decerca de 16 mil contos, prevendo-se quetenha um prazo de concretização de 60dias.Integrado no Plano de Actividades para2001, este investimento destina-se aexecutar diversos melhoramentos epequenas obras nos arruamentos deQuarteira, na sequência de trabalhos já

iniciados em anos transactos.O município de Loulé pretende desta formareestruturar a rede viária em todo oconcelho, tendo em vista a melhoria dasacessibilidades, nomeadamente nosprincipais centros urbanos como é o casode Quarteira.

Montijo

Conselho ConsultivoMunicipalA Câmara do Montijo aprovou a criação deum Conselho Consultivo Municipal.

«Participação, descentralização eresponsabilização» é o lema que irá regereste novo órgão, que consubstancia umavontade antiga de colocar as váriasfreguesias em contacto com o Executivomunicipal para debater e tentar, destaforma, solucionar os problemas doconcelho do Montijo.

Penha de França

Órgão de informaçãoA inauguração de um Espaço Multiusos éa notícia em destaque na edição deDezembro do órgão de informação daJunta de Freguesia da Penha de França,publicação dirigida pelo camarada JoãoJofre da Fonseca Costa.«A Junta de Freguesia da Penha de Françainaugurou no dia 9 de Outubro um EspaçoMultiusos � situado sob o viaduto da Av.General Roçadas -, que permitirá áautarquia incrementar a oferta cultural ápopulação, através da realização dediversos eventos, como exposições,

conferências e sessões de poesia e canto»,lê-se no órgão de informação.

De salientar ainda que fez parte integrantedesta edição do boletim um calendário para2001.

Povoação

Concerto na MatrizNo âmbito do programa da Sagração daMatriz da vila da Povoação, que, durante doisanos, foi submetida a grandes obras derecuperação da estrutura física, de alteraçãodos espaços litúrgicos e de beneficiação dosaltares e outros ornamentos do culto religioso,realizou-se no passado dia 7 um concertopelo Orfeão Edmundo Machado Oliveira.Promovido pela Câmara Municipal daPovoação, o concerto realizou-se na Matriz.

Vila Real de S. António

Câmara investe 80 mil contosno desenvolvimentodesportivoA Câmara Municipal de Vila Real de S.António assinou, na terça-feira, dia 9 deJaneiro, contratos-programa com 18 clubese associações do concelho, com base noplano de desenvolvimento desportivo daautarquia, que prevê apoios da ordem dos80 mil contos a distribuir por todas ascolectividades.

Recorde-se que desde a adopção da actualestratégia de apoio aos clubes desportivos,o número de projectos de escolas deformação desportiva passou de um(futebol), para seis (mini-andebol, atletisno,basquetebol, ginástica e ténis).

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11 JANEIRO 2001 ACÇÃO SOCIALISTA13

PS EM MOVIMENTO

Espaço noticioso, de debate, dereflexão e de informação daactividade partidária local eautárquica, é assim o «Voz daAjuda», boletim informativo daSecção da Ajuda.No seu número 3, o camaradaDias Baptista assina um artigo,intitulado «Pela estabilidade»,onde faz mais uma vez umaanálise lúcida e inteligente dealguns factos da actualidadepolítica.Hugo Lobo, por sua vez,escreve sobre a «Reforma dosistema eleitoral».Ficamos à espera de maisnúmeros desta folhainformativa marcada pelaactualidade e qualidade,exemplo paradigmática dotrabalho desenvolvidopelos militantes de base,a grande alma destepartido de militantes e deprojecto.

Os candidatos autárquicos socialistas aos oito municípios do Vale do Sousa e BaixoTâmega serão anunciados já em Abril, disse o presidente da Federação Distrital do Portodo PS/Porto, Narciso Miranda.O processo arrancará já no próximo dia 15, quando o PS/Porto reunir para analisar osresultados das presidenciais, marcar a convenção autárquica e constituir um grupo detrabalho para examinar as candidaturas às eleições autárquicas, sendo os oito municípiosdo Vale do Sousa e Baixo Tâmega os primeiros a ser escolhidos.«Depois da análise dos resultados das presidenciais, partiremos de imediato de mangasarregaçadas para a preparação do Congresso de Março, simultaneamente, para a batalhadas autárquicas», disse o presidente do PS/Porto.Os oito concelhos do Vale do Sousa e Baixo Tâmega São Amarante, Baião, Marco deCanavezes, Paredes, Paços de Ferreira, Lousada, Felgueiras e Penafiel, devendo oscandidatos a estes municípios ser conhecidos em Abril, depois do Congresso do PS.Quanto aos nomes para as câmaras da Área Metropolitana do Porto, «só em Junho»,disse o dirigente socialista.Narciso Miranda falava à saída de uma reunião da distrital na qual foi efectuado umbalanço da campanha presidencial em curso no distrito, que considerou como «muitopositivo».«A campanha mobilizou completamente o PS no Porto, o que consideramos muito positivo,pelo que desejamos que o esforço resulte numa grande participação nas eleições do dia14», disse.Acrescentou que «a batalha contra a abstenção é o grande objectivo».

AJUDA «Voz da Ajuda»

PORTO Candidatos anunciados em Abril

Nasceu uma nova publicação. É oboletim da Secção do PS/Sobralinho,estrutura dirigida pelo camarada JoséManuel Peixoto.Neste número um, é dado realce aotrabalho desenvolvido pelos autarcasdo PS desde 1997 no Sobralinho,que foi responsável por uma novapostura e dinâmica que colocaramesta localidade nos caminhos doprogresso e da modernidade,respondendo aos anseios dapopulação.De salientar que o boletim édistribuído a toda a população.

SOBRALINHO Novo boletim

REUNIÃODA COMISSÃO NACIONAL

20 de Janeiro, 10.30 horas, Hotel Altis, Lisboa

Ordem de trabalhos:

1 Apresentação e votação da data e local do XII CongressoNacional.

2 Apresentação, discussão e votação do regulamento para aeleição do secretário-geral e dos delegados ao XII CongressoNacional.

3 Apresentação, discussão e votação do regimento para o XIICongresso Nacional.

4 Eleição da Comissão Organizadora do XII Congresso Nacional.

5 Análise da situação política.

GONDOMAR PS critica desleixo da Câmara

O PS exigiu à Câmara de Gondomar a elaboração de um plano de emergência queponha cobro ao «estado de completa degradação a que se deixou chegar a rede deestradas municipais».Em comunicado divulgado no passado dia 3, os socialistas de Gondomar consideramque a situação «atingiu o limite do admissível» e afirmam que provocou já inúmerosacidentes de viação.Daí que exijam que a verba prevista para a recuperação de ruas no Orçamento e Planode Actividades para 2001 pela Câmara de Gondomar, liderada pelo PSD, sejadisponibilizada de imediato.Por outro lado, o PS reclama que a autarquia «assuma as suas responsabilidades legais,ressarcindo todos aqueles que tenham sido vítimas de acidentes pessoais ou materiaisprovocados pelos buracos».«Se a irresponsabilidade da Câmara persistir, o PS oportunamente tomará as medidas edecisões adequadas à situação», acrescenta o comunicado.

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ACÇÃO SOCIALISTA 14 11 JANEIRO 2001

LIBERDADE DE EXPRESSÃO

SER PORTUGUÊS...

REFLEXÃO Mário Soares

que é ser português, hoje? Tantopara os portugueses que vivemem Portugal como para os que, nadiáspora, se encontram dispersos

pelos cinco continentes?Tendo em conta que vivem:- em época de globalização das economias,da informação e dos conhecimentos;- uma fase histórica que muitos consideramde «crise de civilização», com a perda dosvalores humanistas, a concentração dasfortunas, o crescimento inusitado da pobreza,tanto nos países do chamado Terceiro Mundocomo nos países ditos desenvolvidos(sociedades dualistas), o consumismodesenfreado, a violência e a apologiapermanente da violência, os flagelos da drogae novas epidemias, como a sida, acriminalidade organizada a nível internacional,etc.;- quando Portugal há quinze anos é membrode pleno direito da União Europeia, um dosdois pólos de maior desenvolvimento mundial,em todos os domínios;- e a economia portuguesa se encontra numprocesso acelerado de crescimento eintegração no espaço peninsular e europeu,embora com algumas dificuldades recentes:excesso de despesa pública, mal controlada,pressões inflacionistas, perda decompetitividade, escasso investimentoestrangeiro.Julgo que, tendo em vista as condicionantesreferidas, positivas e negativas, ser portuguêshoje é:1. ter o sentimento de pertença a uma terra ea uma gente com uma forte identidade culturale linguística;2. ter o sentido e o conhecimento do papel dePortugal no mundo, ao longo de uma históriaexcepcional (de quase nove séculos!) e aconvicção de que esse papel não estáesgotado;3. participar, conscientemente, no espaço dalusofonia, que é muito mais amplo do que aComunidade dos Países de Língua Portuguesa(CPLP), a qual, infelizmente, tem estadodemasiado inactiva e apagada...;4. ter viva uma memória de Portugal � da terra,dos cheiros, dos gostos (os hábitosalimentares são importantes), do mar, da luzincomparável de certos fins de tarde («nasnossas ruas ao anoitecer...» cantou CesárioVerde), das referências que nos acompanham,das paisagens, das pessoas, das amizades...Tudo isso é ser português � onde quer que seviva. De tal modo que me sinto, sempre senti,definitivamente, português, mesmo esobretudo quando estive no exílio ou sempree mais ainda quando estou fora da Pátria.Portugal, para mim, não é nunca foi, «questãoque eu tenho comigo próprio», para citar umverso de Alexandre O�Neill. Creio que para amaioria dos portugueses também não. Mesmoquando estava deportado e consideravaPortugal «um país de pedras mortas» (AntónioSérgio) num regresso «ao reino cadaveroso»de que falava Cavaleiro de Oliveira, vi, semprePortugal como «um país ocupado, arecuperar», como escrevi no PortugalAmordaçado (1972). Nunca um país em inho� de novo O�Neill - «Nhurro país que nunca sedesdiz». Quando muito, foi como escreveumagoadamente Carlos de Oliveira, «Terra

pátria, mãe pobre de gente pobre». Mas hoje,felizmente, é-o cada vez menos.A geração dos 70 � que tanto nos influencioue influencia � manteve uma questão comPortugal, sobre a qual sempre se interrogou,com mais ou menos lucidez e angústia. Daí esua descrença. Portugal para alguns, emcomparação com a França do tempo, era a«choldra», a «piolheira» (como lhe chamava D.Carlos).Paradoxalmente, quando Portugal ressurgiaem África, com a ocupação efectiva deterritórios nas duas costas � esforçoextraordinário �, Eça, na linha de Antero e deOliveira Martins, terminava o seu primeirogrande romance, O Crime do Padre Amaro,evocando «o épico, no seu pedestal, sob ofrio olhar de bronze, cercado dos cronistas edos poetas heróicos da antiga pátria»,acrescentando, «pátria para sempre passada,memória quase perdida!». Palavrasdesalentadas! Guerra Junqueiro, com maisrazão, porque escreveu depois da humilhaçãodo Ultimatum inglês (1890), no BalançoPatriótico, fala de «um povo imbecilizado eresignado, humilde e macambúzio, fatalista esonâmbulo, burro de carga, besta de nora,aguentando pauladas, sacos de vergonhas,feixes de misérias, sem uma rebelião...».Teófilo Braga, pelo contrário, procurou reagirao pessimismo envolvente por via do«republicanismo», que soube recolocar nalinha mais afirmativa da nossa história: «heróisdo mar, nobre povo, nação valente e imortal»,como se canta nas estrofes de A Portuguesa.A I República constituiu uma reacção nacionalviril, mas foi, infelizmente, efémera. Nos anosfinais, foi uma «república de epígonos».Engendrou a ditadura... lição a não esquecer!Muito mais próximos de nós, ultrapassadosos desvios nacionalistas incongruentes dochamado Estado Novo, a seguir à Revoluçãodos Cravos, Eduardo Lourenço num lúcidoensaio, Labirinto da Saudade, escreveu em1978: «A nossa razão de ser e a razão de todaa esperança é termos sido.» Talvez, mas nãosó. Hoje, somos. Somos no presente e nãotemos mais a obsessão do passado. Embora,obviamente, não o devamos ignorar. Por maissombras que surjam, temos razões próprias,actuais, para alimentar confiança no futuro, amédio e a longo prazo, mas mais do que terconfiança, o que importa é ter a determinaçãoe a inteligência das coisas para saber construiro futuro que ambicionamos. Nesse sentido,ser português é também um combatepersistente � que começa dentro de nós � pelaafirmação de Portugal.Sofremos quarenta e oito anos de interminávelditadura, obsoleta e obscurantista, que nosdeixaram marcas dificilmente apagáveis. Trezeanos de guerras coloniais provocaram traumase puseram-nos à margem do progressoeuropeu e da ordem política internacional,criada no pós-guerra. Ficámos isolados ealguns de nós «exilados no próprio país» ouno estrangeiro, como disse o primeiro PrémioNobel português, Egas Moniz.Vivemos, depois, a alegria inesquecível daRevolução dos Cravos. E, a seguir, uma«transição perturbada» pelo desvario totalitário,com o memetismo do MFA como se fora um«movimento de libertação», a descolonizaçãopossível (depois de treze anos de guerra) e o

regresso traumático de cerca de oitocentosmil «retornados»...E então? Superámos tudo isso, mantendo asliberdades recuperadas, a democraciapluralista que aos poucos fomosinstitucionalizando, e sempre a paz e o convíviocívico entre portugueses, no respeito mútuo,independentemente das suas opiniões ecrenças. Não é pequena coisa! Influenciámos,decisivamente, a «transição pactuada»espanhola e as diferentes transiçõesdemocráticas ibero-americanas. Integrámo-nos na CEE, hoje União Europeia. E resistimosbem, ao contrário de algumas previsõespessimistas, ao chamado «choque europeu».Fomos � e talvez sejamos ainda � uma «históriade sucesso», um case study (cito o conhecidohistoriador americano Samuel Huntingon).Amplamente reconhecido e estudado no planointernacional.Hoje estamos noutra fase. Passaram 26 anos!1989 terá sido talvez o ano de viragem doséculo, o início do novo milénio. Com ocolapso histórico irremediável do mundocomunista, avulta a hegemonização de umasó hiperpotência, os Estados Unidos. Aglobalização das economias, da informaçãoe dos conhecimentos é um dado indiscutível,com aspectos altamente positivos e algunsnegativos. Como a revolução tecnológica,informática e biotécnica. Tudo mudou! Mas háque saber conservar os valores éticos. E é fácilprever que tudo continuará a mudar,aceleradamente.Portugal também. Contudo � atenção �, osportugueses não estão excluídos do «mundonovo» em gestação: bom ou mau conforme osoubermos construir. Mas os portugueses nãoestão à margem, excluídos, como no passado.Pertencem, repito, a um dos pólos de maiordesenvolvimento mundial, por onde quasetudo passa e repercute � a União Europeia.Os horizontes de progresso não estãobloqueados.É certo que a Europa é hoje � transitoriamente,espero � um problema. Nice, no que se refereao projecto europeu, foi um retrocesso. Maso que é a vida senão a permanente superaçãode problemas? Tenhamos nós portuguesesuma política coerente em relação à construçãoeuropeia e a coragem de a propor e de nosfazer ouvir. Porque hoje não há «pequenospaíses». Os chamados «grandes» paíseseuropeus são uma ficção à escala planetária.É por isso que a União é necessária, paratodos.Assim, não me parece razoável que tenhamoscomplexos de inferioridade quanto à Europanem quanto à nossa vizinha Espanha. Nãodevemos ter medo do escuro, ou seja: daincerteza dos tempos que aí vêm. Os desafiosenfrentam-se e, quando há coragem e se sabeo que se quer, encontra-se sempre forma delhes dar a volta e resolver. Temos algum atrasoem relação à média europeia? Estamos umpouco um pouco abaixo da Espanha emtermos económicos? É verdade! Mas não nosdeixemos desencorajar por isso.... Temosvantagens que não são displicentes: a unidadedo nosso Estado-Nação; o universalismo danossa maneira de estar; a imagem de quebeneficiamos no mundo; aquilo de que semprefomos capazes quando tivemos a coragem deousar...

Precisamos de debater o caminho do futuro,serenamente, sem estarmos sempreobcecados pelo imediato. Afastemos, nestaquadra, a política do quotidiano � que é dodomínio da conjuntura � e reflictamos sobrePortugal, a médio e longo prazo comobjectividade. Que caminho seguir na Europa,em África e no mundo?Como mobilizar melhor as energias dispersase utilizar os recursos disponíveis?A sociedade civil, em alguns domínios, é hojepujante, exigente, imaginativa. Nas artes, nasletras, na ciência, na música, no cinema, nainvestigação, na moda, no desporto... Surgemqueixas aqui e ali, é certo, mas avança-seincontestavelmente. O Estado carece de serdefendido e reformado � mas nãodesmantelado. O serviço público deve serreabilitado. As universidades, com frequência,são pólos de desenvolvimento e começam aestar articuladas com as empresas, cujodinamismo, em bastantes casos, é evidente.Uma maior informação e preparação dosquadros técnicos, profissionais e científicos étambém uma realidade. As novas gerações �em relação às anteriores � são muito maisexigentes e ambiciosas, exprimem-seincomparavelmente melhor, estão maisfamiliarizadas com o que se passa lá fora,viajam, conhecem, estão ao corrente, recorremregularmente à Internet, estão empenhadas emdescobrir os caminhos do futuro. Além disso,têm um sentimento de maior responsabilizaçãopor Portugal, a liberdade � em que sempreviveram � afigura-se-lhes um dado adquiridopara sempre e talvez por isso, cada vez manosse sintam atraídos pela política. É pena! Masisso pode mudar, se formos capazes de lhesdar motivos convincentes para participarem navida Res Publica. Eis um dos pontos de reflexãopossível...Sei que muitos não concordarão comigo. Estãoirritados, descrentes. Não creio, no entanto, tertraçado um quadro demasiado optimista. Nãodesconheço as manchas de pobreza, deiliteracia, de subdesenvolvimento que aindatanto nos afligem. O desleixo, o indiferentismo,o descontentamento, mesmo a indignação quealimentam certos sectores da sociedadeportuguesa. «A maledicência � mas às vezesnão é só maledicência, reconheço � é umavelha pecha nacional, hoje alimentada pelasintrigas da política e da comunicação social,preocupadas com a ditadura das sondagens(os políticos), das audiências (as televisões) edas tiragens (os jornais)...É verdade que não podemos ser autistas.Devemos ser lúcidos! Saibamos, contudo,sacudir, com realismo, as razões dedescrença. Há demasiadas nestes temposbaços de fim de século. Mas é necessárioreagir. Antes de atirarmos as culpas para oEstado, para o Governo, para os partidos ou,simplesmente, para os outros, pensemos,cada um de nós, no que podemos fazer paramelhorar a Pátria que nos é comum.Encaremos o futuro, com vontade de o tornarmelhor, colectivamente. Cada um no seudomínio, procuremos agir a nível dasociedade. Porque se a política continuaromissa em nos indicar o caminho (como diziaDe Gaulle da intendência) a sociedade seguiránecessariamente...In «Diário de Notícias»

O

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11 JANEIRO 2001 ACÇÃO SOCIALISTA15

CULTURA & DESPORTO

SUGESTÃO

POEMA DA SEMANASelecção de Carlos CarrancaQUE SE PASSA Mary Rodrigues

PORTO 2001Dois concertos de música clássica, um ciclo de interpretação de obras do compositorPedro do Porto, um espectáculo de dança de Bill T. Jones e duas exposições assinalama abertura do Porto Capital Europeia da Cultura.O ponto alto será dia 13, dia de inauguração oficial do Porto 2001, para o qual foi reservadaa estreia mundial da peça de música e cinema «Mãos na pedra, olhos no céu».O concerto inaugural decorre no Coliseu, na presença de inúmeros convidados, entre osquais o Presidente da República, Jorge Sampaio, e a rainha Beatriz da Holanda, país dacidade que partilha com o Porto o título de Capital Europeia da Cultura em 2001, Roterdão.A Orquestra Nacional do Porto, dirigida pelo maestro Marc Tardue, vai interpretar tambémnesse concerto várias árias de ópera, com a voz da soprano Elisabete Matos, terminandoo espectáculo em apoteose com a famosa «Abertura 1812 opus 49», de Tchaikovski.O dia da inauguração do Porto 2001 vai incluir ainda música para um público diferente,com as actuações de Pedro Abrunhosa e dos Orbital, no Pavilhão Rosa Mota.Ainda no dia 13, será inaugurada, no Museu de Arte Contemporânea de Serralves, aexposição «In The Rough», imagens da natureza através dos tempos na colecção doMuseu Boijmans van Beuningen, de Roterdão.Incluída no mesmo ciclo «Sobre, em Volta, Dentro da Paisagem», vai estar patente tambémno Museu de Serralves a partir do dia 13 uma mostra de arte, arquitectura e culturapopular do norte-americano Dan Graham.O primeiro grande evento de dança será a apresentação, hoje e amanhã, do espectáculo«You Walk?», de Bill T. Jones, com a Arnie Zane Dance Company e em que participará acantora Mísia.

Exposição em Albufeira

Heitor Pais é o novo talento artístico que aGaleria Municipal apresenta, a partir destesábado, dia 13, com a exposição «BrightColors and Blue».A mostra poderá ser visitada até ao próximodia 3 de Fevereiro.

Fotografias em Coimbra

Hoje, a partir das18 horas, a Casa Municipalda Cultura será palco de uma conferênciasubordinada ao tema «A crise das novasgerações na formação do Estado Novo»,que contará com a participação de LuísReis Torgal.Assista, na próxima quarta-feira, dia 17, às18 e 30, na Casa da Cultura, ao lançamentodo livro «Fotografia de Miguel Torga», umaobra assinada por Clara Rocha e editadapelas Publicações D. Quixote.A Sala da Cidade da Casa da Culturaalberga, até ao dia 4 de Fevereiro, aexposição «Dias de Coimbra».A mostra inclui fotografias de Dinis Alves eCosta Pinto que perpetuam aspectosquotidianos da cidade, entre os quais otrabalho, o remanso, a folia, a dor e o amor.

Cantares em Fafe

Tal como no ano passado, realizam-seamanhã os cantares de Reis dedicados aopresidente da autarquia, o camarada JoséRibeiro, pelas escolas do primeiro ciclo doensino básico e jardins de infância doconcelho.Os cantares iniciam-se pelas 10 horas, noPavilhão Municipal, prolongando-se até aomeio-dia.Até ao fim do mês, encontra-se patente aopúblico, na Biblioteca Municipal, a mostrabibliográfica itinerante «José Régio e osmundos em que viveu»

Fantoches em Guimarães

Hoje, às 21 e 45, o Auditório da

Universidade do Minho exibe a película deGeorge Cukor, «Casamento Escandaloso».A partir de amanhã e até ao dia 18 poderáver, no Cinema São Mamede «LimiteVertical», um filme realizado por MartinCampbell.Também amanhã poderá levar os seusfilhos ou netos à Biblioteca Municipal RaúlBrandão para mais uma «Hora do Conto»,às 10 e 30, desta feita com a obra deEugénio de Andrade, «Histórias de ÉguaBranca».Na quarta-feira, dia 17, às 10 e 30, haveráteatro de fantoches neste mesmo espaçocultural. Trata-se da encenação de «Joãoe Guida», de Ilse Losa.

Marionetas em Lisboa

Hoje, pelas 15 horas, começa o ciclo deconferências «Jovens do Milénio»,promovido pela Delegação Regional deLisboa do IPJ (Rua de Moscavide).Nesta ocasião falar-se-á de «Aborto eEutanásia», dois temas polémicos queinquietam a nossa juventude.Amanhã as salas de espectáculoslisboetas estreiam as películas «A raiz docoração», de Paulo Rocha; e «LimiteVertical», de Martin Campbell.A partir de sábado, dia 13, e até ao dia 28,a Sala de Ensaio do Centro Cultural deBelém acolhe um espectáculo demarionetas sem palavras com duração de60 minutos mágicos. Trata-se de «ACabana», uma peça a cargo do Tof Théâtre(Bélgica).«As Mulheres de Gil Vicente» é a peça queestá a ser apresentada, na Casa daComédia, a partir de textos de Gil Vicentee com encenação de Filipe Crawford. Paraassistir, às quintas-feiras, às 21 horas, e aossábados, pelas 17 horas.

Artes na Lousã

Amanhã, às 21 e 30, o Cine-Teatro exibe ofilme de animação para crianças maioresde quatro anos «Dinossauro».A mostra colectiva de escultura e fotografiade Liz, Sophie e José Manuel Prata será

CinematografiaCego, o comboio corre léguas,Com furioso e soturno martelar:Dum cavaleiro medievo,Que só sabe vencer,Lembra-me o galopar...

Tem pressa de levar-meÀ Cidade do Prazer.

Lá fora, os véus do luar ondulamSobre os prados;Passam tapetes imensos,Amarelos e arroxeados,Que parecem suspensos...

Chego, e o meu desejo se persuadeDo coquetismo da cidade.

Há ruas longas, lisas como braços,Com vestidos de mosaicos,Onde mulheres de perfil lendário,E olhos arcaicos,Se cruzam como peixes

num aquário...

Quando esta perspectivaNo meu Pais dos Sonhos

se alongava,Já o Tédio, a meu lado,O sangue me gelava:

Como ele vinha disfarçado!

Eis meu corpo, filhas das Luxúrias,Tratai-o qual inimigoNão esqueçais que o saberE a lentidão dum ritual antigoSão a chave do prazer...

Alexandre de AragãoIn «Presença»

inaugurada, no sábado, dia 13, na sala deexposições temporárias do MuseuMunicipal Álvaro Viana de Lemos.A exibição permanecerá patente ao públicoaté ao próximo dia 9 de Fevereiro.

Cinema em Paredes de Coura

«Uma Mão-Cheia de Surpresa», de AlfonsoArau, com Woody Allen, Sharon Stone eDavid Schwimmer, é a longa-metragem aver na sala de cinema local, no sábado, às21 e 30, ou no domingo, às 15 horas e 21e 30.Até ao dia 18 de Fevereiro encontram-seexpostos, no Centro Cultural, os presépiosconstruídos pelas escolas do concelho. Amostra intitula-se «Natividade 2000».

Torneio em Rio Maior

No próximo sábado, dia 13, poderá assistirao Torneio de Pista de Inverno, um eventoque promete cativar.

Pintura em Valença

O pintor António Pessoa tem patente aopúblico, até meados deste mês, na Salade Exposições Municipal, uma mostra depintura intitulada «Desenhos Puros».

Dançaem Vila Real de Santo António

Os Serviços Culturais da autarquia localapresentam, amanhã, sexta-feira 12, às 22horas, no Centro Cultural António Aleixo, umespectáculo de danças coreografadas einterpretadas por João Fiadeiro.

MagneticFields

«69 Love Songs»Centro Cultural de Belém, 12 de Janeiro

Grande Auditório

I Parte � Rádio Macau

Bailado

O Lagodos Cisnes

de Tchaikovski

Russian Theatre Ballet

Dias 11 e 12 � 21h30Dia 13 � 16h30 e 21h30

Dia 14 � 16h30

Coliseu dos RecreiosLisboa

O Lagodos Cisnes

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ACÇÃO SOCIALISTA 16 11 JANEIRO 2001

OPINIÃO DIXIT

Ficha Técnica

Acção SocialistaÓrgão Oficial do Partido SocialistaPropriedade do Partido SocialistaDirectorFernando de SousaRedacçãoJ.C. Castelo BrancoMary RodriguesColaboraçãoRui PerdigãoSecretariadoSandra AnjosPaginação electrónicaFrancisco SandovalEdição electrónicaJoaquim SoaresJosé RaimundoFrancisco Sandoval

RedacçãoAvenida das Descobertas 17Restelo1400 LisboaTelefone 3021243 Fax 3021240Administração e ExpediçãoAvenida das Descobertas 17Restelo1400 LisboaTelefone 3021243 Fax 3021240Toda a colaboração deve ser enviada para oendereço referidoDepósito legal Nº 21339/88; ISSN: 0871-102XImpressão Mirandela, Artes Gráficas SARua Rodrigues Faria 103, 1300-501 LisboaDistribuição Vasp, Sociedade de Transportes eDistribuições, Lda., Complexo CREL, Bela Vista,Rua Táscoa 4º, Massamá, 2745 Queluz

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«Por este andar, Subtil acabagravando um CD e a dar autógrafos.A miséria a que chegámos, comcada vez mais gente adormecida,incapaz de votar mas diz que teriafeito o que ele fez, incapaz deprotestar e mobilizar-se, masdisposta a passar horas a olhar opalácio da TV à espera de aplaudiro último a sair da casinha»Moita FloresDiário de Noticias, 8 de Janeiro

«(Subtil) tornou-se famoso por estarfechado numa latrina. Não admira. Éexactamente a única coisa que énecessário fazer para hoje se serfamoso em Portugal»Idem, ibidem

«Se não fizesse o que faço, a únicaprofissão que gostaria de ter era serguarda prisional numa cadeia demulheres»Woody AllenExpresso-Vidas, 6 de Janeiro

«Fui bastante ambicioso naquilo quesonhei. Sempre quis realizar filmes,escrever comédias e ser músico dejazz. Não me posso queixar»Idem, ibidem

«As organizações sindicais, com oseu constante e persistente trabalhojunto do poder político, são cadavez mais fundamentais para asatisfação dos anseios dostrabalhadores e para a resoluçãodos seus conflitos»Custódia FernandesNotícias Sitese

AS ELEIÇÕES EM CABO VERDEO PAICV pode ter a vitória ao seualcance nas eleições legislativasde 14 de Janeiro, o que poria fima uma década de governo do

MPD, formado por dissidentes do PAICV e quetem levado a cabo uma política de liberalizaçãoeconómica. Neste contexto, as criticas doPAICV assentam bastante na ausência depolíticas sociais justas, com menos pesonomeadamente do sistema de saúde e de umacrescido controlo da comunicação socialestatal, para além de críticas fundas nas áreasda chamada economia real.

2.- Portugal tem um extremo interesse noprogresso de Cabo Verde. Não só por razõesde solidariedade social e política, como portal ser também vantajoso para ascomunidades cabo-verdianas residentes emPortugal. Por outro lado, o Acordo Monetárioe Cambial que António Guterres e SousaFranco subscreveram com a República deCabo Verde, cria-nos especiaisresponsabilidades já que de certa forma asFinanças portuguesas e o Banco de Portugalfuncionam como interface com a zona euro eo Sistema Europeu de Bancos Centrais. Paraum Estado que procura contrabalançar odesequilíbrio da balança comercial em boaparte com remessas de emigrantes efinanciamentos internacionais, a associação

a uma zona como a do euro pode serfundamental. De mencionar ainda os fortesinvestimentos portugueses nos sectoresfinanceiro, energético, das telecomunicações,do abastecimento de água e no saneamento,bem como a presença significativa no turismo.

3.- As previsões de resultados eleitoraisganharam um novo «suspense», alicerçadotambém no progresso claro do PAICV nasrecentes autárquicas nas quais alcançou, noplano nacional, mais 5000 votos que o MPDnum conjunto de mais de 250 mil votosexpressos, tendo conquistado várias Câmaras,nomeadamente a da Praia ganha porFelisberto Vieira e a de Santa Catarina, ganhapor José Maria Neves (candidato do PAICV aprimeiro-ministro).Por outro lado, a substituição como primeiro-ministro de Carlos Veiga, actual candidatopresidencial apoiado pelo MPD (que se batecontra o histórico dirigente cabo-verdiano PedroPires, apoiado pelo PAICV) por Gualberto doRosário abriu espaço a dissidências no MPD etalvez tenha ajudado a abrir caminho a terceirasforças. Neste contexto, o antigo presidente daCâmara da Cidade da Praia procura abrircaminho para a Presidência, com umacandidatura votada ao fracasso.

4.- No seu conjunto, embora ninguém acredite

na vitória dos seus candidatos naspresidenciais, outros partidos concorrentes àslegislativas podem desta vez obter umarepresentação na Assembleia Nacionalsuperior à do único deputado que nas eleiçõesanteriores furou o bipartidarismo MPD-PAICV.A aliança liderada por Onésimo da Silveiraaposta no prestigio do antigo presidente daCâmara do Mindelo e procura eleger um blocoparlamentar que potencie a própriacandidatura de Onésimo à Presidência daRepública.

5.- A democracia cabo-verdiana consolida-se. A perspectiva de alternância é clara, comoo foi há dez anos (em sentido contrário). E teriaobviamente um especial significado para CaboVerde e para Portugal que um partido-movimento de libertação (ramo cabo-verdiano), hoje membro da InternacionalSocialista, reassumisse democraticamente opoder, como o perdeu nas urnas, há umadécada. E alteraria parcialmente o quadro parao embate presidencial de Fevereiro, emborasaibamos que neste tipo de eleição aspersonalidades em jogo contam muito.Estarão em confronto as personalidades, ocarisma, o percurso histórico e a imagem dePedro Pires e de Carlos Veiga, sem nosesquecermos da votação que Onésimopoderá obter.


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